Por João Pinto in O Jogo
1 Valia mais do que um clássico normal
O Benfica-FC Porto de ontem foi para além de um clássico normal. Tratava-se de um jogo especial em que o Benfica tentava dar continuidade ao bom momento que está a viver e à série de bons resultados conseguidos, com especial destaque para a vitória em Marselha. Depois desse feito, ganhar ao FC Porto era um aliciante suplementar. Do lado dos portistas, o sentimento era inverso, uma oportunidade para ajudar a esquecer desaires e tentar provar que a equipa não é pior do que a do Benfica e que tudo poderia ser diferente sem as vicissitudes da época. Nesta altura, ganhar esta taça a este adversário servia para relativizar os maus resultados e para fazer as pazes com os sócios. Juntando a tudo isto a rivalidade, está explicado o porquê se um jogo tão tenso, em que os nervos estiveram sempre à flor da pele.
2 Nervosismo surge após o almoço
Um jogo como o de ontem nem sempre é fácil de encarar, porque mexe com os jogadores. Mais com uns do que com outros, dependendo da personalidade de cada um, mas só se começa a sentir a tensão no próprio dia. Depois do almoço começa a aparecer o nervosismo, porque os jogadores vão para os quartos descansar, vêem televisão, porque há sempre directos, e vão começando a perceber o entusiasmo dos adeptos, as expectativas. Há casos em que isso perturba os jogadores. O jogo de ontem terá sido mais difícil de encarar por parte do FC Porto, que tem feito uma época fraca e não está habituado a lidar com situações de desvantagem. Daí termos visto, principalmente durante a primeira parte, jogadores muito concentrados no jogo, é verdade, mas com uma "pica" especial, demonstrada em algumas reacções, em protestos, na forma de jogar. Dava para perceber desde o primeiro minuto que a tensão era muito grande.
3 Segundo golo mais importante que o primeiro
O Benfica tinha motivos para entrar em campo mais tranquilo e confiante, pois as coisas estão a correr bem e a confiança serve até para iludir algum cansaço que possa existir. E o desenrolar da partida permitiu aos benfiquistas aproveitar os erros do FC Porto e geri-los de forma inteligente. A equipa portista até conseguiu reagir bem, e Falcao teve um lance em que podia ter empatado a partida, mas, para mim, mais determinante do que a infelicidade do primeiro golo foi a obtenção do segundo, de bola parada, mesmo em cima do intervalo. E se já não estávamos a assistir a um jogo bonito, porque foram muitos os passes falhados, a partir desse tento a questão ficou fechada, com o FC Porto cada vez mais nervoso e o Benfica mais tranquilo na sua gestão.
4 Um frango daqueles dói
Ainda por cima numa final, é impossível passar ao lado daquele lance infeliz de Nuno, um frango. Um lance daqueles dói. O FC Porto até entrou bem no jogo, demonstrando que queria ganhar e estava disposto a assumir a iniciativa. Quando o golo aconteceu, a equipa estava por cima, a tensão era grande, mas estava a ser bem utilizada. Sei do que falo e por isso reafirmo que sofrer um golo daqueles dói mesmo.
Gostei de ver a atitude do Bruno Alves, que foi imediatamente confortar o Nuno, dar-lhe moral, mas a verdade é que aquilo perturbou a equipa, que lutou sempre até ao fim, mas os jogadores tinham no subconsciente que, num jogo tão especial, depois de acontecer uma coisa daqueles dificilmente conseguiriam dar a volta ao resultado.
5 Problema maior do FC Porto é o Benfica
As substituições de Jesualdo Ferreira ao intervalo entendem-se. Rúben Micael não estava nos dias dele, e era preciso dar novo fôlego ao meio-campo. Quanto a Miguel Lopes, penso que tenha saído por já ter cartão amarelo, pois na primeira parte, quando o FC Porto esteve por cima carrilava o seu futebol pelo corredor direito. Só que nesta altura, por causa das lesões e dos castigos, as soluções que o FC Porto tem no banco não são as que o treinador gostaria de ter. Jesualdo Ferreira pode ainda queixar-se de ter perdido Varela na véspera do jogo e Rodríguez durante a segunda parte, pois esta é uma época em que tudo acontece à equipa. Mas continuo a insistir na ideia de que, para além das razões conhecidas, o maior problema do FC Porto esta época têm sido o Benfica e o Braga, mas principalmente o Benfica.
6 Jesus fez aposta de risco
Jesus disse na conferência de Imprensa que confia em todos os jogadores e tem-no demonstrado. Mas ontem, ao deixar de fora quatro jogadores importantíssimos, correu sérios riscos. Agora é fácil dizer que a aposta foi boa, mas à partida, tendo como adversário o FC Porto, abdicar de Javi García, Ramires, Saviola e Cardozo no onze inicial foi arriscado. É sabido que Airton e Rúben Amorim cumprem e entram bem na equipa quando são chamados, mas jogar com eles ou com Javi e Ramires não é a mesma coisa. E Kardek não teve hipóteses para se mostrar. O primeiro golo facilitou a gestão. De resto, elejo como melhores os irreverentes Carlos Martins e David Luiz. O brasileiro joga como um avançado e tem melhorado bastante a segurança defensiva.
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