Terá aí 15 dias uma daquelas iniciativas em que são pródigas as redes sociais e que, como é costume, pretende agrupar pessoas em torno de uma ideia ou de um objetivo. Esta, no Facebook, não dá lugar a dúvidas: chama-se "Grupo dos que já se sentem campeões com o Benfica". Dirão os mais benévolos e ingénuos que não vem daqui mal ao Mundo, uma vez que não há quaisquer consequências sobre o "mundo real" do futebol. Defenderão outros que se trata de uma forma de corporizar a maré benfiquista que, em boa verdade, já ia alta quando a época oficial começou.
Todos estão certos, na justa medida. Mas aqueles que decidirem "alistar-se" levando a coisa mais a sério transmitem a ideia de que, no fundo, pouco ligam ao futebol e às respetivas vicissitudes. É verdade que hoje, com as contas da Liga acertadas, o Benfica é líder isolado. Mas todos ficámos a perceber, no domingo, que à entrada para o último terço do campeonato ainda há três equipas com fundadas aspirações à conquista do título.
Comecemos pelo Braga. O descalabro que viveu no Dragão foi, certamente, inesperado - não pela derrota, mas pelos números. Simplesmente, Domingos e os seus atletas tiveram o azar de enfrentar o tetracampeão no pior momento: aquele em que, de uma forma que lhe é tão peculiar, o FC Porto cerrava fileiras em torno de algo que conseguiu passar para o exterior como uma tremenda injustiça (os castigos de Hulk e Sapunaru). Se o jogo já tinha contornos de decisivo, ganhou ainda mais densidade ao entrar em campo o orgulho ferido. E o Braga, com algumas unidades em baixa, também não escondeu o desgaste pela pressão da liderança durante meses. A questão está em saber se o naufrágio foi o "canto do cisne" ou se, pelo contrário, fez soar os sinais de alarme para o que resta disputar. Pela parte que me toca, estou convencido que a segunda hipótese é a verdadeira, tanto mais que, com exceção da visita à Luz, os minhotos são os que dispõem de um calendário mais simpático. E, ainda por cima, não gastarão tempo nem energia com outras atividades, nem europeias nem de taças.
Quanto ao FC Porto, quem lhe passou a certidão de óbito antecipada, desconhece a dinâmica já tantas vezes demonstrada. Um triunfo em Alvalade, no fim-de-semana, e será um corredor temível - até por receber o Benfica na penúltima jornada.
Jorge Jesus sabe de tudo isto e de muito mais. Como sabe, também, o que custa(ria) perder com a meta à vista.
P.S. - Perante a tragédia da Madeira, o futebol mostrou o seu lado mais nobre. Primeiro foi Luís Filipe Vieira quem fez saber que o Benfica quer ajudar. Depois foi o FC Porto que avançou para um jogo solidário. Pena que seja precisa uma desgraça para haver confluência no bom senso.
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