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16 fevereiro 2010

A arte do "elemento estranho"



Por Luís Freitas Lobo in Expresso

Até que ponto um jogador pode, a meio da época, mudar a face de uma equipa? Das chaves de Benfica e Braga ao novo maestro do Dragão.



Quando um jogador chega a uma equipa já em andamento, o primeiro impacto que provoca foge à lógica do colectivo. Isto é, aquilo que ele (ainda sem conhecer bem o funcionamento da equipa) mete no jogo, é, sobretudo, as suas características individuais. Depois, com os jogos, percebendo a equipa, ele tende a sentir as suas virtudes e, sobretudo, problemas. Ou seja, o jogador sente o mesmo que sente a... equipa. E o mais natural, então, é o seu problema passar a ser resultado dos... problemas da equipa. Chega a hora da verdade. Ou ele é a solução ou, senão, é absorvido pelos problemas globais e continua só a surgir através das iniciativas individuais.

O mercado de Janeiro fechou. Benfica e Braga visaram, sobretudo, reforçar o plantel. Viajemos para outras paragens. Ruben Micael no FC Porto, João Pereira no Sporting. Os dois únicos reforços claramente para entrar no onze e tentar... resolver problemas. Peguemos, então, na lógica de início do texto.

Primeiro impacto: a equipa sente as características do novo jogador (por exemplo, sendo rápido dá-lhe maior velocidade).

Segundo impacto: o novo jogador sente os problemas da equipa (faz o movimento mas ninguém o acompanha...).

Terceiro impacto: o novo jogador percebe a situação e descobre como a resolver (se era do seu jogo particular que ela precisava) ou, mesmo percebendo, não a consegue resolver (porque o problema é muito mais profundo...).

Vejamos em concreto: João Pereira causou um primeiro impacto forte no jogo leonino. Rápido e lutador, pegou de estaca no flanco direito. Passam alguns jogos, chegam outros de maior grau competitivo (Braga e Porto) e os problemas da equipa começam a "crescer" para ele. Embora tente meter o mesmo jogo, falta-lhe o apoio (consistência táctica colectiva) para o fazer. Quando a jogada acaba, olha e vê a equipa sufocada nos seus problemas que fogem às simples acções do lateral-direito. Ou seja, em pouco tempo, passa a ser ele a sentir mais os problemas do jogo da equipa do que a equipa a sentir as qualidades do jogo dele.

Ruben Micael chega ao FC Porto e com o seu futebol geométrico e de carácter (entenda-se qualidade de passe e intensidade de jogo) entra, sem pestanejar, no seu meio-campo. Passam três jogos, chega um mais exigente (Sporting) e, pegando nos problemas da equipa, "diz", em campo, a cada bola que recebe e passa, como os resolver. Ainda lhe faltam testes mais difíceis, mas na entrada para o terceiro impacto já é a equipa que sente mais a influência positiva do seu futebol (que tocou na ferida táctica que estava aberta) do que ele a deixar-se engolir pelos problemas do onze.

Tratam-se de duas análises particulares que, no fundo, explicam as questões colectivas que, esta época, turvam o jogo de FC Porto e Sporting. Faltam, agora, os quadradinhos seguintes desta história. Ou seja, a crescente influência na equipa. No caso leonino, Liga e Taça perdidas, trata-se, sobretudo, de uma fuga ao abismo, onde os impulsos individuais, em momentos concretos do jogo, mascarem problemas colectivos. No caso azul-e-branco existe um atraente desafio: conciliar o novo maestro com Beluschi. Em 4x3x3, só com três médios puros, apostar em que dois deles sejam estruturalmente mais criativos, seria o maior upgrade táctico-criativo da era Jesualdo no Dragão. A luta pelo título continua com três equipas bem vivas. Para combater o ascendente do jogo científico do Braga e do jogo vertiginoso do Benfica, o FC Porto busca um plano alternativo. Três estilos para marcar o campeonato até ao fim.

50 golos marcados...
O Benfica olha para a classificação e (com um jogo a mais...) vê-se, por fim, em primeiro lugar. Mais impressionante do que isso, porém, deve ser reparar noutro facto. Os golos marcados: 18 jogos, 50 golos!

O poder atacante da equipa de Jesus tem sempre um ritmo acelerado, mas na fase de conclusão perto da área a bola encontra a pausa e repousa curtos instantes num jogador que sabe, depois, entender, no momento certo, o conceito de último passe. O mais interessante é ver como isso tanto sucede no avançado que joga quase sempre fixo (Cardozo, o tecnicista possante), como no que joga quase sempre em mobilidade (Saviola, o tecnicista franzino).A intensidade do meio-campo a recuar ou, até, a fazer "faltas tácticas" quando teme que a equipa fique desequilibrada, após perder a bola (crucial Javi Garcia), protege as suas deficiências defensivas nos flancos. Num conceito global de jogo, este Benfica destaca-se nos momentos de jogo em que ataca. Colocar o jogo (a bola) nesses espaços é a chave para, a cada jornada, melhor acariciar o título.

... Apenas 6 sofridos
Se uma boa equipa é sobretudo equilíbrio nos três sectores, o Braga é, neste campeonato, o seu melhor exemplo. O principal suporte deste feito está num registo defensivo impressionante: 17 jogos, só 6 golos sofridos! Olhando o seu quarteto defensivo, um jogador emerge, Moisés, mas o pêndulo do onze está mais à frente, a meio-campo. Por isso, a importância de saber como irá a equipa reagir sem a 'âncora' Vandinho. Porque mudou o 'coração' da equipa, sobretudo na transição defesa-ataque. Em condições normais, seria Viana a recuar, mas isso mexe em duas posições vitais. Olberdam, novo reforço, é o substituto natural mas não tem a mesma saída para o jogo de Vandinho.

É difícil dizer se o campeonato será decidido por quem ataca ou defende melhor (o segredo é o equilíbrio), mas no caso de êxito bracarense não há dúvida de que a chave seria a organização defensiva.

Ranking da liga Janeiro/2010: Sigam o'coelho'...
Longe dos túneis, olhando o relvado em busca de bons jogadores, a busca leva, naturalmente, aos onzes das melhores equipas. Braga, Benfica e FC Porto. Entre os principais intrusos, destaque-se André Santos, médio-centro defensivo do Leiria. Joga muito bem, corta e passa. De Braga para Alvalade, João Pereira mantém a velocidade, mas sente necessidade de afinar o seu jogo com um novo colectivo.

O crescimento do FC Porto espelha o crescimento de alguns dos seus jogadores. Pereira faz o flanco esquerdo todo e surge bem no ataque, mas precisa de melhorar a precisão de cruzamento. Varela é o avançado mais completo. Segura a bola, passa, cruza, remata.

Mossoró é, em mudanças de ritmo, o motor criativo do Braga. Entre o génio e o louco, Carlos Martins explodiu no meio-campo do Benfica. Perde, por vezes, rigor posicional, mas mete no jogo um carácter que arrasta a equipa. E faz golos. No resto do tempo, ele, como todo o onze, tem uma boa forma de saber o melhor caminho para jogar bem. Basta... seguir o 'coelho'! Saviola, pois claro.

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