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25 fevereiro 2010

Aimar, dá-me a tua camisola



Por Jacinto Lucas Pires in JN

Passámos uns noventa minutos estranhíssimos, no outro dia, a torcer pelos azuis contra os vermelhos, não foi? Mas, no fim, valeu a pena. Estamos na frente, somos os primeiros. É esse, claro, o lugar natural do Benfica. E, no entanto (falemos em voz baixa, entre as linhas, onde ninguém nos ouve), nunca é fácil entrar em palco como número um. Os olhos todos em nós, as camisolas mais pesadas. É este o grande momento, caros amigos, o momento de ser grande. A histórica hora da antitremideira. E na hora agá, sim, Aimar apareceu. Desta vez o homem estava mesmo em campo, dentro da camisola 10. O instante de génio nem foi tanto o chuto, mas todo o desenho até aí. Primeiro, uma lição de arquitectura ou talvez dança contemporânea: descobrir o espaço, inventar uma liberdade. Depois, recebida a bola ali, no lugar mágico dos golos, uma pérola de sabedoria. Naquela recepção-meia-volta-chuto, um ensaio completo sobre a prudência e a ousadia, duas virtudes tão falsificadas nos dias que correm. Esperar e esperar e – arriscar. Que golaço, maestro.
Mas o jogo com os berlinenses não tinha só essa dificuldade de estrearmos as camisolas mais pesadas de líderes. Tínhamos também de jogar contra a frase de Jorge Jesus, que disse que isso de nota artística era só para a patinagem (piscar de olho aqui entre parêntesis, onde ninguém nos vê). Como se o nosso espertíssimo mister não soubesse que, no Benfica, as duas coisas, arte e eficácia – ou “patinagem” e “placar”, caro Jesus – estão mais que ligadas...
E, também quanto a isso, estivemos à altura. A pressionar em cima, a imaginar golos logo a partir da defesa, sonhando sempre com os pés bem assentes na terra. Pulmão generoso, chuteiras inteligentes! Sob um dilúvio, Di Maria centra uma bola bem enxuta, perfeita – e Cardozo diz que sim, é só parar no ar e encostar a testa para o golo. Depois Javi García resolve o azar do último jogo com um golo de geómetra, um contrapé de deixar alemães pregados à relva. E no fim Cardozo, como quem fecha em grande um longo e estrondoso parágrafo, mata no peito, manda lá para dentro.
Agora, já sabem, é sempre assim: Portugal e Europa e tudo.

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