1 Golo inaugural baralhou a estratégia da Académica
O golo madrugador do Benfica baralhou completamente a táctica da Académica. Embora esta tenha reagido bem, é evidente que a sua estratégia foi alterada por se ter visto obrigada a correr atrás do prejuízo. A equipa de Coimbra apresentou-se em campo com linhas muito juntas mas isso tem o efeito perverso de obrigar a defesa a subir muito e em linha até perto do meio-campo, permitindo que o Benfica criasse perigo sempre que conseguia criar espaço e bons passes entre linhas. Dizer isto equivale a referir os nomes de Saviola e também de Aimar. Além disso, um relvado escorregadio como estava ontem o da Luz favorece sempre um número considerável de passes errados e neste aspecto o Benfica aproveitou melhor e, depois de um passe de Saviola a isolá-lo, Cardozo conseguiu desatar um nó que ameaçava tornar-se complicado.
2 O espírito colectivo de Aimar no auxílio a Rúben Amorim
Javi Garcia tem sido um dos elementos mais importantes do actual Benfica pelo equilíbrio que confere à equipa, mas ontem não se notou a sua ausência. É certo que o golo logo aos cinco minutos ajudou a dar tranquilidade, mas Rúben Amorim, que ocupou a vaga do espanhol, fez aquilo que lhe foi pedido. Algo que realmente me chamou a atenção foi, no entanto, a grande preocupação de Aimar em defender mais do que é habitual, o que talvez se deva ao facto de Rúben Amorim estar numa posição que já não fazia há algum tempo, embora não lhe seja desconhecida. Viu-se Aimar a recuperar bolas à entrada da área do Benfica e isso mostra um sentido colectivo importante e preocupação em ajudar um colega menos rotinado naquela posição.
3 Grande golo de Saviola, o melhor em campo, "matou" reacção visitante
Depois do primeiro golo do Benfica, a Académica criou algumas dificuldades aos donos da casa, pressionando mais, tendo posse de bola e recorrendo a jogadas em profundidade. Após o golo de Saviola, porém, a Académica deixou de existir. E, com todo o respeito pelo Cardozo e pelos três golos que marcou (um hat trick não é muito comum, é para quem sabe e tem instinto de matador), escolho o argentino como melhor em campo - pela inteligência que demonstra em campo, pelos espaços e pelos passes que cria e pelos golos fabulosos, como o de ontem. Está a aproveitar da melhor forma esta "segunda vida" e acredito que só depois de ter chegado ao Benfica é que se apercebeu da verdadeira dimensão do clube (algo que também vale para Aimar, apesar de ter tido mais dificuldades de adaptação no primeiro ano). Isso está a ajudar ao seu desempenho. Afinal, ser surpreendido por uma coisa positiva é sempre melhor!
4 Benfica aproveita bolas paradas e gere com ritmo forte
O terceiro golo matou o jogo e permitiu ao Benfica gerir, mas sempre com um ritmo e dinâmica fortes. A partir daí, tudo é possível e, apesar de estar longe do estado ideal, não há campo que resista. Mesmo que na parte final o futebol não tenha sido muito bem jogado. O Benfica adaptou-se bem e além disso voltou a aproveitar os lances de bola parada, mostrando ser uma equipa que sabe adaptar-se às circunstâncias do terreno e aquelas que são colocadas pelo próprio jogo.
5 Sede de vitórias empolga os jogadores
Nunca acreditei que o Benfica iria abrandar ou baixar de rendimento, apesar do empate em Alvalade e de ter deixado dar goleadas. Tenho a noção de que é impossível ganhar todos os jogos e marcar sempre muitos golos. Há, no entanto, uma grande diferença em relação aos últimos anos, que é a cultura e a sede de vitória. Essa é a principal mudança deste Benfica, que à medida que marca golos quer cada vez mais. Isso empolga os jogadores, dá-lhes uma enorme vontade de vencer e faz com que a equipa apresente esta dinâmica. Mas é preciso sublinhar a preocupação de Jorge Jesus em manter a equipa equilibrada defensivamente, que ataca muito embora não o faça à toa.
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