Por Martins Morim in A Bola
Hannover — Conheci Robert Enke em serviço. Entrevistei-o duas vezes, quando representou o Benfica e percebi que era uma pessoa diferente. Do desportista fui imaginando, jogo após jogo, até onde podia chegar. O direito à camisola N.º 1 da selecção alemã era a confirmação das suas qualidades de excepção. Se só chegou a ela aos 29 anos, já como capitão do Hannover, como também no Benfica — e até com menos idade — foi porque à frente dele teve nomes como os de Oliver Kahn e Jens Lehmann. Conheci-o melhor mais tarde, através de Paulo Azevedo, português nascido em Freiburgo, na Alemanha, antigo futebolista que terminou a carreira no meu Varzim. Iniciativa conjunta do Instituto Alemão e de A Bola trouxe o Paulo até à Travessa da Queimada e com o Paulo, que ontem transportou a urna no trajecto final, tão próximo era ele de Robert Enke, conheci melhor o homem por trás do futebolista: simpático, alegre, de humor fino, negação da estrela à procura de holofotes, antes cidadão atento ao que o envolvia, sensível ao ponto de sentir que um cão abandonado também precisa de carinho, sem nunca esquecer nem olhar para o lado ante as tragédias e os dramas humanos... sentidos na própria família. E, mesmo assim, sempre disponível para os outros. Não sabia, nem era capaz de imaginar, que sofria de depressão. Disse-me o Paulo no dia da morte. Já noite, voz embargada, do outro lado da linha. Mas pediu-me segredo. Respeitei-o. Por ele e por Robert. Pela Teresa também, que, corajosamente, desvendou o mal ao mundo em jeito de alerta, para que o mal não volte a vitimar mais ninguém. Graças também ao Paulo, fui honrado com a autorização de poder estar na cerimónia privada — eu e o jornal A Bola, como percebi da importância que lhe dá Jorg Neblung, representante do jogador e amigo íntimo da família. E, de forma mais intensa, senti o que custa ver alguém partir assim. Também correram lágrimas pelo meu rosto. Afinal, um homem também pode chorar. Ontem foram muitos, mesmo muitos.
Di María faltou ao Consílio dos Deuses para estar na Luz a representá-los
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"*Uma exibição feérica do internacional argentino valeu-lhe um hat-trick em
18 minutos. Foi bagagem suficiente para que o Benfica conseguisse partir
para...
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