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04 novembro 2009

Crónica de Luís Freitas Lobo


Uma pergunta, várias respostas

Por Luís Freitas Lobo in A Bola

O futebol é, por natureza, um exagero das emoções. Por isso, apaixona tanto. Medir a distância entre o êxito e o fracasso é uma tarefa impossível. Espiritualmente, antes do jogo, Benfica e Braga tinham todas as condições para fazer disparar o talento dos seus jogadores através da confiança com que entravam em campo. Cabe aos treinadores, nesse mundo de exageros (o ideal para os adeptos passarem a semana) perceber as fronteiras desse perigo emocional e devolver a equipa (os jogadores) à «terra táctica». É verdade que a competitividade é algo que se tem ou não se tem (em campo, não condescende com máscaras) mas as suas diferentes formas de expressão táctica (colectivas e individuais) são o segredo para dar critério à perigosa «bomba anímica» com que as equipas entram em campo. Durante a semana, Jesus e Domingos sentiram o seu tic-tac, tic-tac. Ela convidava aos exageros. Emocionais e…tácticos.

Pensemos no concreto. No futebol, como na vida, uma boa decisão, tomada fora do tempo certo, transforma-se facilmente numa… má decisão. Poderá algum dia Fábio Coentrão ser um bom defesa-lateral esquerdo? Em jogos especiais, com a cabeça quase só no ataque, talvez seja um lateral engraçado. E, repare-se bem, escrevi lateral. Não defesa-lateral. De fora, ficou a palavra «defesa». O início para começar a pensar aquela posição. No abstracto táctico e no concreto do jogo, sobretudo quando pela frente surgem um extremo (Alan) um lateral rápido e conflituoso (João Pereira) e um médio para as tabelas (Mossoró). Este trio compõe a asa direita do Braga a atacar. Antes de poder pensar fazer o que faz bem (velocidade nos espaços e criatividade, como mostrara frente ao Nacional) Coentrão tinha de pensar noutros aspectos tácticos da posição. No fundo, tinha de fugir aos exageros tácticos que a emoção provoca. Tinha, no fundo, de ser o que… não é (defesa). A alternativa mais completa? David Luiz. Este território específico da batalha táctica colectiva foi decisivo para, logo no início, deixar uma marca indestrutível no jogo. Uma sucessão de jogadas por esse lado, um livre perigoso, um remate-míssil, um golo. E o jogo estava desequilibrado tacticamente a favor do Braga.

Antes do apito inicial, a pergunta dominante (o valor do Braga, a força do Benfica) era exagerada. Porque é impossível meros 90 minutos à 9.ª jornada ditarem sentenças para o resto do campeonato. No seu final, porém, pressentiam-se várias respostas.

O futebol é um jogo em que, antes de olhar para o adversário, nos obriga a confrontar com a nossa própria equipa, forças e fraquezas. Regressar ao balneário com a sensação de que se ganhou por mérito próprio é o melhor que pode acontecer a uma equipa depois de uma vitória. Uma qualidade espiritual que, à frente do resto do onze bracarense, sentia-se em cada passo (e passe) de Viana. No onze da Luz, coincidem a grandeza com a necessidade de perceber que os territórios tácticos (espaços e seus intérpretes) não são iguais em todos os jogos. E isso muda tudo.

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