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06 novembro 2009

Crónica de João Bonzinho


A máscara

Por João Bonzinho in A Bola

Jorge Sousa é um bom árbitro? É. Fez uma boa arbitragem no recente Sp. Braga-Benfica? Dir-se-ia que sim, não fosse a impossibilidade de deixar passar em claro um erro absolutamente indesculpável num árbitro com a suposta qualidade de Jorge Sousa. Os maus árbitros costumam cometer todo o tipo de erros. Os bons não. Cometem só alguns. Os maus podem cometer todos os erros. São maus, nada a fazer. Mas há erros que os bons não podem cometer. São bons exactamente por isso.
Há, porém, pelo menos em Portugal, e desde há muito tempo, uma terceita categoria de árbitros: os que parecem ser bons mas que cometem, às vezes, cirurgicamente, erros que os bons árbitros não cometem exactamente por serem bons. Antigamente, em Portugal, esses árbitros eram os grandes árbitros. No tempo em que a televisão não mostrava tudo, o sistema estava bem dominado e as árvores davam sempre fruta. Hoje, esses são, quanto muito, apenas bons árbitros, que nunca chegarão, porém, a ser grandes.
Jorge Sousa é um desses casos. Controlou o Sp. Braga-Benfica como só os melhores árbitros sabem fazer, apitou o que tinha de apitar, e basicamente decidiu bem o que tinha de decidir. Não se sabe lá por que raio de motivo expulsou Leone e Cardozo ao intervalo do jogo mas deve admitir-se que o tenha feito por justificadísima razão, e não se sabe também se um dos seus auxiliares, que parece (repito, parece) ter visto Cardozo a ser violentamente agredido lhe comunicou alguma coisa, mas deve admitir-se que, tendo visto, o tenha feito.
Quase tudo o que naquele jogo se passou deveria, pois, ter deixado boa nota à arbitragem. Quase tudo. Faltou o quase.
Amplamente reconhecida, a qualidade de Jorge Sousa como árbitro deveria impedi-lo de cometer um daqueles erros que, nas farsas teatrais, por exemplo, costumam servir para vermos cair a máscara ao vilão. Não é, naturalmente, o caso, porque nem Jorge Sousa está numa farsa teatral nem é, obviamente, o vilão.
Jorge Sousa é um árbitro que pode não ver um penalty, que pode não ver que a bola foi jogada fora das quatro linhas, que pode transformar um pontapé de canto num pontapé de baliza, ou achar que uma carga de ombro foi um empurrão ou que um empurrão foi uma carga de ombro. Não pode é assinalar livre directo por falta grosseira junto à linha limite de uma grande área e não mostrar o cartão amarelo ao infractor. Isso não pode fazer porque isso é ser mau árbitro. E ele não é mau. Só não é grande.
No Sp. Braga-Benfica, Jorge Sousa não mostrou o cartão amarelo a João Pereira (pela 2.ª vez, com a consequente expulsão), por falta grosseira sobre Di María, junto à linha lateral limite da grande área do Sp. Braga, a mais de meia hora do fim de um jogo em que as duas equipas jogavam, como se recordam, já com dez jogadores.
Jorge Sousa não poderia, nesse lance, refugiar-se em critérios ou em factores subjectivos. Tinha apenas de aplicar a lei, tal como já o tinha feito, e bem, quase 50 minutos antes, ao mostrar cartão amarelo a Coentrão por derrube a Alan junto à linha lateral limite da grande área do Benfica. Tanta coisa por causa de um cartão amarelo? Não é por causa de um cartão amarelo. É por causa de uma decisão que não se toma numa fracção de segundo. E que, por isso, ajuda a explicar muita coisa.
Naquele instante da falta de João Pereira, ali mesmo debaixo dos seus olhos, Jorge Sousa foi muito pior do que um mau árbitro. Os maus árbitros cometem esses erros porque são maus. Os bons, cometem-nos porque querem e porque, sendo bons, continuam longe de ser grandes.
Não se trata de avaliar prejuízos (ou benefícios) de Benfica, FC Porto ou Sporting. Os três grandes são, por norma, os que mais ganham com as más arbitragens. Trata-se de perceber como são conduzidos pelos árbitros alguns dos principais jogos e de como acabam por ser esses principais jogos (ao contrário do que para aí se diz) a decidir os campeonatos.
Está, pois, visto: Jorge Sousa pode ser um bom árbitro mas jamais será excelente. Grandes árbitros desses, daqueles capazes de controlar bem os jogos grandes e de cometerem, habilmente, erros de principiante, só nas décadas de 80 e 90. Acabou-se o tempo.
O tribunal do vídeo, tantas vezes injusto, tornou-se também um precioso auxiliar da verdade. Castiga, por vezes, em demasia os bem intencionados mas trama os que se julgam mais espertos. Trama menos do que devia, mas graças ao tribunal do vídeo há muito que lhes caiu a máscara.

2 comentários:

Muito inteligente esta crónica!!!!!

faltaria ainda referir que também um outro jogador do Braga fez falta para amarelo num lance idêntico ao que Javi levou amarelo...

ou seja para além do lance do golo limpo do Benfica, o árbitro e a sua equipa tiveram um comportamento perfeitamente anormal no capitulo disciplinar dentro e principalmente fora de campo como as imagens revelaram!

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