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28 outubro 2009

Crónica de Jacinto Lucas Pires


Bola modernista

Por Jacinto Lucas Pires in JN

Estas crónicas também não querem arranjar complicações nos túneis, querem é jogar no relvado, mas há duas palavrinhas extrafutebol que me parecem inadiáveis. Uma para dizer que, se Manuel Machado tem todo o direito de achar que Jorge Jesus é um cretino, talvez o momento adequado para o expressar não seja este, no pós-operatório de um 6 a 1... E outra, para pedir ao mister Jesus que se abstenha de mourinhismos e provocações baratas. Mas, pronto, adiante, falemos do que interessa.
No que diz respeito à bola, que Jesus erre sempre assim. Um jogo com poucos golos, previu ele, e depois, uou!, seis bolas lá para dentro.
Quando se chega a tais brilhos, olhamos para trás e temos a impressão de que tudo estava escrito nas estrelas. E, no entanto, um olhar menos deslumbrado-fatalista não pode deixar de ver que esta goleada ao Nacional começou antes do jogo começar, pois sim, mas com um facto muito concreto e terreno: a substituição de Peixoto por Coentrão. Um daqueles males – a lesão de César – que veio por bem – a entrada de Fábio. Com o miúdo na linha foi mais fácil desalinhar a defensiva adversária, muito mais natural jogar aberto, dar espectáculo e acender a Luz. Uma lição para Braga, mister?
Seja como for, de uma maneira ou de outra, queremos mais, sempre mais, mais desta coisa-arte em forma de é-só-um-jogo, por favor. Um futebol que só me lembra aqueles poemas modernistas que, para irem ao para-lá das palavras, até se punham a brincar com a pontuação, as maiúsculas, os espaços, a gramática. Não sou poeta e já ninguém é modernista nestes pós-tempos em que vivemos, mas desconfio que só assim se poderia captar totalmente a alegria louca destes futebóis gloriosos. Chutando nas vírgulas, cabeceando os pontos dos is, revolucionando frases até acertar na verdade.
Pablito Aimar traz a bola nos pés, dá uma volta por trás para conseguir ir mais para a frente, inventa uma tabela, arranja um espaço, imagina Coentrão a aparecer na esquerda e atira a bola para lá, e nesse momento Coentrão materializa-se no lugar exacto, passa a redonda em linha recta para o lado, para o lugar sagrado do coração da área, onde Cardozo põe o pé mais feliz e toca directo para golo. Começou.

2 comentários:

Parece pro evolution soccer... será que é isso que o JJ faz nos treinos á porta fechada?

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