Crónicas de Vítor Serpa

100 dias na vida de Jorge Jesus

Por Vítor Serpa in A Bola

O povo do Benfica anda contente e optimista. A equipa ganha e, não menos importante, joga um futebol de ataque, espectacular e goleador, capaz de criar um empolgamento que há muitos anos não se via.

Jorge Jesus tem, pois, a sua parte - e nada pequena - no mérito deste começo vibrante e entusiástico do Benfica, será, por isso, hoje, um treinador consensual - não seria quando começou - e glorificado, numa expressão que é sempre excessiva, mas muito própria do mundo da bola, chegando, pois, aos seus primeiros cem dias de treinador do Benfica, no estrelato.

Nenhum ser humano é insensível ao elogio e ao reconhecimento público dos seus méritos. Daí que seja humano que Jorge Jesus tenha vindo, semana após semana, a subir o tom do seu discurso, tornando-se menos reservado na perspectiva do futuro.

É cedo para conclusões finais, é, aliás, muito cedo para convicções definitivas, mas é legítimo que Jesus seja o primeiro a sentir confiança nos seus jogadores e na dimensão que a sua equipa possa vir a atingir.

Compará-la ao Benfica de Eusébio pode, no entanto, ser precipitado. Tal como será sempre dispensável que um técnico na mó de cima não resista à tentação das suas históricas batalhas pessoais. Jesus está em alta, vive, certamente, um dos momentos mais felizes da sua vida profissional, começa a ser conhecido lá fora, e há mesmo, em Espanha, quem já lhe chame «o novo Mourinho». Em tais circunstâncias é aconselhável que desça à terra, entenda o carácter volátil da glória desportiva e reforce as suas características de generosidade, humildade, capacidade de trabalho e competência.

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