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17 setembro 2009

Crónicas de Leonor Pinhão


Quanto tempo de jogo é preciso para mostrar um cartão amarelo?

Por Leonor Pinhão in A Bola

Falou muito sensatamente o treinador do Benfica sobre o arranque do campeonato, desalinhando prontamente do coro de louvores à produção da sua equipa.
Para Jorge Jesus, a melhor equipa do momento é o Sporting de Braga «porque vai à frente de todos com quatro jogos e quatro vitórias», disse e disse muito bem.O pragmatismo de Jorge Jesus tem sido o mais positivo dos seus atributos nestes escassos meses que leva no comando técnico do Benfica. É de crer que os benfiquistas têm apreciado o pragmatismo do seu treinador, pouco dado às minúsculas satisfações e ao embevecimento com o praticamente pouca coisa já atingido esta época.
O comportamento de Jorge Jesus, no banco, nos jogos com o Vitória de Setúbal, na Luz, e com o Belenenses, no Restelo é um exemplo disso mesmo. Nos dois casos, bem recentes, já o Benfica somava expressivas goleadas e ainda era possível ver o treinador com cara de poucos amigos, insatisfeito com o rumo dos acontecimentos — um passe falhado aqui, uma desatenção ali —, de olhos fixos nos seus jogadores exigindo-lhes que cumprissem os noventa minutos sem se encostarem à folga do folgado resultado entretanto obtido.
Não será disparatada especulação tentar interpretar a mensagem que o treinador, nessas ocasiões, passava para dentro do campo aos seus jogadores. E que deve ser, mais ou menos, esta:
— Filhos, olhem que a folga é só amanhã!
E é e tem toda a razão. Os jogos de futebol têm noventa minutos e os objectivos de uma equipa são exactamente os mesmos do primeiro ao nonagésimo minuto: não sofrer golos, marcar golos na baliza adversária, satisfazer o público afecto, impressionar o público adversário, conquistar o respeito da crítica.
Tal como os objectivos de uma equipa são os mesmos do princípio ao fim de uma partida, também se suponha, do mesmo ponto de vista pragmático, que as Leis do Jogo, que ainda por cima são poucas e fáceis de entender até por crianças — e por isso é que o futebol é um desporto tão popular —… também se suponha que as Leis do Jogo, dizíamos, eram precisamente as mesmas do minuto 1 ao minuto 90.
No nosso futebol, no entanto, parece que não são, como nos tem sido dado observar nestes primeiros jogos do campeonato de 2009/2010.
O Benfica tem sido muito prejudicado com esta particularidade portuguesa da observação das Leis do Jogo por parte dos seus agentes licenciados, ou seja, os árbitros.
No último jogo, no Restelo, nos primeiros 5 minutos que se seguiram ao apito inicial do árbitro, o nosso bem conhecido Olegário Benquerença, o jovem argentino Di María foi por duas vezes ceifado por um jogador adversário sem que o juiz da partida fosse ao bolso buscar o mais do que justamente aplicável cartão amarelo. Os comentadores, de um modo geral, aceitaram a decisão de Benquerença com base no pressuposto que o jogo ainda mal tinha começado e que era muito cedo para acções disciplinares, como se as Leis fossem explícitas a declarar que os primeiros minutos do jogo beneficiam de uma amnistia própria e que, a sério, a sério, a coisa só começa lá para meio da primeira parte.
E vai ser este o principal adversário interno do Benfica nesta época.
Não vai ser o anti-jogo dos adversários, defendendo-se como puderem, com autocarro ou sem autocarro. O principal adversário do Benfica, na época corrente, vai ser o anti-Leis do Jogo, que permite que assim que o árbitro dá por aberta a contenda a consequente abertura de um inconcebível período de caça às pernas dos talentosos e franzinos artistas argentinos, sendo certo e sabido que não haverá sanções porque, caramba, «ainda é muito cedo» para cartões.
Se é verdade que os árbitros portugueses não são pragmáticos com a observação das suas competências, não é menos verdade que, por enquanto, a equipa do Benfica tem sabido resolver bem a desagradável situação. E da única maneira possível.
No Restelo, foi Saviola, logo aos 6 minutos, quem deu por encerrado o período de impunidade da caça às pernas pegando na bola ainda no seu meio-campo e percorrendo cinquenta metros, passando por tudo e por todos, até por Olegário Benquerença, lá fez com toda a banalidade que se lhe reconhece o primeiro golo do Benfica.
E vai ser sempre assim. Quanto mais cedo o Benfica, marcar mais cedo os árbitros — Benquerenças, Sousas, Costas e companhia —, vão ser obrigados a perceber que, afinal, o jogo já começou a sério e que está na altura de aplicar as Leis.
Tudo isto vai ser muito difícil.
Regressando ao pragmatismo de Jorge Jesus, ao considerar que o Sporting de Braga, o seu anterior emblema, é a melhor equipa portuguesa do momento porque lidera isolada a tabela, devemos acreditar que o treinador do Benfica tem todas as razões pragmáticas para desejar manter o seu discurso, pelo menos, por mais uma semana.
O Sporting de Braga recebe no sábado o FC Porto e se o Benfica tem um interesse no resultado também é certo que este confronto no Minho reveste-se de um outro tipo de curiosidade.
Esta:
Até que ponto a inabalável amizade entre os presidentes do Sporting de Braga e do FC Porto poderá ser abalada pelas incidências do jogo, pelas marginalidades do jogo, pelo resultado do jogo?
O Braga recebe o FC Porto na condição de líder e, a fazer fé nas crónicas do último Marítimo-Braga, a equipa de Domingos Paciência é líder porque beneficiou de dois favores grosseiros da arbitragem, no Funchal. Portanto, tendo em conta o pragmatismo da nossa arbitragem, no próximo sábado será a vez de o Sporting de Braga ser prejudicado.
Ou não será assim?
No domingo, o Benfica vai a Leiria e Diego Gaúcho, defesa-central da União de Leiria, explicou durante esta semana que a maneira de fazer para o Benfica «é não deixar jogar o Aimar», o que é uma opinião tão válida como outra qualquer e que só carece de prova.
Jorge Jesus delicia-se, certamente, com estas provocações tácticas e decidiu não convocar Aimar para o jogo desta noite com o BATE Borisov. Não se sabe ao certo se para fazer descansar o argentino se para provar a Diego Gaúcho e à opinião pública em geral que, sem Aimar, o Benfica não se banaliza.
Veremos.

1 comentários:

e continua o critério de só se mostrar amarelos aos adversários depois de vários avisos, e depois nunca há avisos para jogadores do Benfica!! assim o Javi vai levar muitos amarelos... o que é normal já que os jogadores do Benfica levam muitos mais amarelos que os adversários que só dão porrada!

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