Crónicas de José Manuel Delgado

Luís Filipe Vieira (III), dia 72

Por José Manuel Delgado in A Bola

SETENTA E DOIS dias depois da esmagadora vitória eleitoral de Luís Filipe Vieira — 91,74%, num sufrágio com 20.672 votantes! — o Benfica vive em paz.
A promessa do candidato-vencedor, que passava por activar o terceiro pilar da sua gestão, o desportivo, uma vez concluídos o financeiro e o infra-estrutural nos mandatos anteriores, foi cumprida, e do sucesso das várias operações levadas a cabo no defeso resultou uma equipa que está a galvanizar a nação benfiquista. Ontem, no Restelo, Luís Filipe Vieira teve uma vitória que, provavelmente, nem sonha. É que, entre os adeptos que foram apoiar a equipa de Jesus ao belíssimo anfiteatro dos azuis, estavam muitos dos que foram protagonistas da oposição em Julho, anónimos agora entre a mole encarnada, de cachecol ao pescoço, imbuídos no espírito que se materializa no lema do Benfica, E Pluribus Unum. Nos grandes clubes que fazem das eleições momentos importantes da sua vida, há sempre divergências e projectos alternativos. O que é melhor, a longo prazo, do que o pantanal infecto em que inevitavelmente nadam os candidatos únicos, Kim Il Sungs de pechisbeque que pulam e saltam, decadentes, de vitória em vitória até à derrota final.
No Benfica, Luís Filipe Vieira, que tem optado por uma atitude recatada nestes tempos de consagração, mostrou-se absolutamente decisivo na criação de condições para que os encarnados vivam o momento alto por que estão a passar, da contratação de Jorge Jesus à assinatura de muitos dos craques. Simultaneamente, Vieira está a preparar projectos de largo fôlego, no âmbito do futebol profissional, que garantirão a saúde financeira do clube e ainda tem no horizonte a revolução dos parâmetros a que os direitos televisivos têm estado submetidos.
Em resumo, quem tomou a decisão de antecipar eleições, defendeu os interesses do Benfica. Sem violar os estatutos!

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