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26 agosto 2009

Crónicas de Luís Freitas Lobo


O estranho caso do jogador do futuro

Por Luís Freitas Lobo in A Bola

O chamado «futebol do antigamente» sempre teve grande prestígio. É o desejo de fazer o tempo recuar. Mas existe também o supremo desejo de prever o «futebol do futuro». Jogo e jogador.
Aumentado o rimo, encurtados os espaços, o jogador, através dos tempos, foi obrigado a fazer cada vez mais coisas no jogo. Este novo futebol pode, no entanto, confundir a sua identidade. Em causa está a sua personalidade táctico-posicional. O grande jogador do futuro será um upgrade do jogador do presente, posição por posição. Mais importante do que fazer várias posições é fazer a mesma posição de formas diferentes. Com isso, o jogador adapta-se a diferentes formas de jogar, usa melhor as suas características e ganha maior amplitude de ocupação dos espaços. O polivalente é uma ilusão que resolve problemas ao treinador, mas mata o craque que se torna uma referência para a posição que ocupa.


Jesus citou David Luiz como o «jogador do futuro» por causa da polivalência. É o exemplo perfeito. Porque faz, de facto, várias posições. A diferença é que numa é um fantástico defesa-central e noutra um vulgar lateral-esquerdo. Face a este exemplo, como podem os polivalentes ganhar o futebol do futuro aos especialistas?
A importância deste jogador do futuro nota-se no Benfica do presente. David Luiz pode ser o central que fica, antecipa e corta. E pode ser o central que sai com a bola desde trás, em velocidade. O estilo ideal em face de à sua frente estar um 6 (Javi Garcia) essencialmente para equilíbrios defensivos, pedindo um central que saiba sair em posse. Dando mais espaço à sua posição, dá, ao mesmo tempo, melhor ocupação dos espaços à equipa. Sem nunca perder a sua identidade como central. Algo impossível saltando de posição em posição. Por isso, ele pode, sem dúvida, ser o protótipo do jogador do futuro, mas… especializado como central.

A velocidade com que o Benfica faz a transição defesa-ataque e move-se na organização ofensiva pede uma elevada precisão nas decisões que cada jogador tem de tomar a cada lance. O ideal seria chegar a determinado espaço, como a meio do meio-campo adversário, e o portador da bola ter duas ou três opções de passe. Não se detectar a necessidade de a bola entrar sempre pelo mesmo sítio e, no caso dessa linha de passe não surgir, tal travar a equipa. Isso passa pela inter-ligação colectiva, mas também pela tal a superior capacidade do jogador saber mover-se numa posição. Vê-se na relação alas-zonas interiores. Di María ou Coentrão pensam sempre em termos de esticar a jogada. Falta a pausa, tocar, tabelar, desmarcar. A chave passa pela aprendizagem europeia de Ramires. No centro, os princípios de ocupação entre-linhas estão claros: entradas de trás de Aimar ou recuos de Saviola.

O crescimento da equipa passa por fazer crescer os seus princípios de jogo. Ou seja, em campo, cada jogador saber resolver a mesma situação (jogada) mais do que uma maneira. Por isso, o jogador do futuro será como se tirasse um MBA na posição que ocupa.

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