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12 agosto 2009

Crónicas de Luís Freitas Lobo


Jogo: o lado 'claro' e o lado… 'escuro'

Por Luís Freitas Lobo in A Bola

O treinador a pensar o jogo tem dois focos de iluminação diferentes: os chamados lado claro e lado escuro. Ou seja, na construção de cada equipa existem dois tipos de marcas que se destacam: é ela sobretudo a sua identidade, ou é antes a sua capacidade de adaptabilidade ao adversário? No jogo, terá muito dos dois aspectos, mas o que manda na táctica? Partir em função do adversário, esperar e… reagir. Crescendo no tal lado escuro. Ou partir da sua identidade, pegar no jogo e… agir. Manter, claro, nuances estratégias em função do adversário (entrar nas costas do lateral, vigiar mais aquela zona, etc), mas nunca perder o chamado lado claro de pensar o jogo. É tentador encaixar as ditas equipas pequenas nas trevas e as grandes na luz. Não é assim tão simples. A maioria das nossas equipas são, sobretudo, equipas de estratégia, maleáveis ao adversário, na preparação do jogo e no seu decorrer. São essencialmente equipas tacticamente de reacção. Têm, claro, o seu sistema e princípios, mas depois movem-se sobretudo na sombra do que faz o adversário. Num exercício de percentagens: 30 por cento de identidade clara, 70 de maleabilidade escura.

O FC Porto, por exemplo, cresceu a época passada sobretudo em saber lidar com o lado escuro (nuance estratégica) do jogo sem com isso perder a sua identidade. Nas épocas anteriores não o conseguia. Sempre que queria pôr alguma sombra estratégica no jogo adversário, afectava os seus princípios e perdia claridade (posicionamento/dinâmica ideal).

Jesus foi, na sua essência táctica, um estratega que, ao preparar um jogo, decompunha o adversário como uma rã numa aula de biologia. E os jogadores (pensem no melhor Belenenses) entravam com isso, lado escuro, na cabeça. Sofria, depois, em passar para o lado claro. Agir em vez de reagir. A sua evolução em Braga passou muito por este aspecto, sem perder o primeiro. No Benfica, a inversão de percentagens tem de ser esmagadora.

O Sporting tem identidade, um losango de pedra. Para o bem e para o mal. Falta-lhe o lado estratégico. Responder de forma diferente a jogos com perguntas… diferentes. Noutro nível, as equipas de Manuel Machado são quase táctico-camaleónicas, até na maleabilidade dos sistemas (4x4x2, 4x3x3, 3x5x2). Estará então Machado sempre no lado escuro do jogo? Nem sempre, mas, antes dele, diria que é lá que se sente bem a pensar a sua evolução.

No jogo, o objectivo é passar do lado escuro para o… claro e inverter percentagens. Criar ratoeiras tácticas ao adversário, atraindo-o para espaços que ou o levam a bater nas nossas paredes de cobertura, ou levavam-no a desposicionar-se. Não é apenas passar do la- do escuro, a defender, para o lado claro, a atacar. Até se pode estar em situações inversas. O problema da maioria das equipas é deixar que essa maleabilidade sufoque a identidade. Habituam-se ao lado escuro e ficam encadeadas quando vêem um lado claro para jogar. Será interessante, mais à frente, voltar ao tema e ver quantas ficaram presas no tal quarto escuro táctico.

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