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20 agosto 2009

Crónicas de Leonor Pinhão


«Não digo que tenha sido de propósito»
(eis a frase-chave da primeira semana da Liga)

Por Leonor Pinhão in A Bola

Sensacionalmente, o Sporting de Braga é o líder isolado do campeonato nacional da I divisão, ou da Liga Sagres, como preferirem. Leva dois pontos de avanço sobre os outros todos, o que é meritório, não haja dúvida. O mérito, no entanto, cabe inteirinho a Jorge Jesus, actual treinador do Benfica e que, na época passada, foi o treinador do Sporting de Braga, como deverão estar recordados. Estão ou não estão recordados? Ah, bom… também não foi assim há tanto tempo.

Interpretando as mais recentes palavras de António Salvador, presidente do Sporting de Braga, de uma forma pragmática e descolorida de clubite, só se pode chegar à conclusão de que o Braga segue na frente da tabela graças ao «mau planeamento» da corrente época que é da inteira responsabilidade «do treinador anterior», o tal Jesus que «escolheu mal a data para o arranque dos trabalhos».
Salvador e Jesus em conflito. Quem diria que uma coisa destas podia acontecer?
Jesus tem estado calado e tem feito muito bem. Que continue assim.
Já Salvador, antes pelo contrário. Primeiro avançou com Paciência, que é uma santa virtude, garantindo que iria fazer melhor do que Jesus, o que é um atrevimento, depois veio Salvador dizer o que disse. Para logo acrescentar num fôlego de simpatia sem bondade: «Não digo que tenha sido de propósito…» Ou seja, Salvador não afirma peremptoriamente que Jesus antes de sair da cidade do Bom Jesus tenha, de propósito, arruinado a época da tribo que abandonou.
Tudo isto pode parecer muito confuso quando, em boa verdade, não é se tivermos em atenção as questões da conjuntura.
Um amigo de um amigo meu, laico, presumo, definiu-a (à dita conjuntura) assim: «Salvador está muito mais preocupado em satisfazer a bandeira que o dirige do que a bandeira que ele próprio dirige».
Não se pense que estas anormalidades só acontecem no futebol português. Em Itália, por exemplo, Marcelo Lippi, responsável pela squadra azurra, treinador que, por definição do cargo e do estatuto que ocupa, deveria pairar muito acima das rivalidades internas do campeonato transalpino, não resistiu a expor publicamente a sua profunda embirração com o treinador do Inter, José Mourinho.
Lippi vaticinou o triunfo da sua Juventus no final da temporada e afirmou que outros treinadores do calcio, como Ferrara ou como Leonardo, «são melhores» do que o português que, na sua opinião, só prima por «uma gestão mediática nitidamente superior».
É que nem de propósito. Basta haver um português por perto e a coisa descamba logo, mesmo no país dos campeões do mundo.

Uma breve palavra de solidariedade para Adriano, espancado à bruta por anónimos numa noite destas em Vila do Conde. É que nem de propósito. Há que ter juízo, juizinho.
Só se fosse maluco é que Soares Dias, o árbitro da Associação de Futebol do Porto, apontava para a marca de grande penalidade quando, no tempo de compensação do jogo entre o Benfica e o Marítimo, na Luz, o maritimista Fernando meteu a mão no caminho da bola na sua grande área.
E só se fosse completamente maluco é que, a quinze minutos do fim do jogo, mandava repetir o pontapé de grande penalidade executado com insucesso por Oscar Cardozo, sendo que Miguelito e Coentrão se encontravam posicionados bem dentro da área restrita, naquela circunstância, ao guarda-redes e ao rematador.
Fica uma dúvida: se Cardozo tivesse acertado com a bola nas redes teria ou não teria o castigo mandado ser repetido, aliás, como deveria em face da lei?
Não digo que não tenha sido de propósito…
Não deve, no entanto, começar o Benfica este campeonato a chorar-se dos árbitros. Por muitas razões que tenha, não lhe fica bem.

Soares Dias, por exemplo, foi o árbitro que dirigiu, na época passada, o jogo do Benfica no Funchal que terminou numa goleada de 6-0 sobre o Marítimo. O que serve duas conclusões: o Marítimo não é imbatível e Soares Dias também não é imbatível desde que os golos entrem na baliza adversária.
Também é verdade que nessa goleada antiga no Funchal, em que o Benfica jogou bem e nem sequer se teve de esforçar muito, o mesmo Soares Dias conseguiu uma proeza maior do que a obtida pela equipa de Quique Flores que só marcou 6 golos enquanto Soares Dias, do ponto de vista aritmético foi bem superior, mostrando 8 cartões amarelos a jogadores do Benfica.
Ah, isso sim, foi obra.
O que vale é que, dentro das quatro linhas, acaba sempre por existir um equilíbrio na justiça do futebol.

Veja-se o caso do Sporting, por exemplo. Festejou o sofrido e sofrível apuramento frente aos holandeses do Twente graças a uma tolice de um jogador adversário que, nos instante finais da partida da segunda-mão, meteu a bola na própria baliza e, poucos dias passados, festejou o empate, sofrível e sofrido, na ilha da Madeira, frente ao Nacional, porque um jogador da casa cometeu tolice idêntica e atirou com a bola para dentro das suas redes.
É que nem de propósito o azar alheio pode satisfazer tanto o proveito próprio.
E foi quase do mesmo nível a tolice de Vukcevic na noite de terça-feira, atirando com a camisola ao ar depois de ter marcado o golo do empate frente à Fiorentina, acabando expulso e diminuindo as possibilidades da sua equipa lutar em pé de igualdade com os italianos.

VOLTANDO ao Benfica. Como na Luz houve fartas razões de queixa da arbitragem do jogo inaugural do campeonato, será que os responsáveis pelo sector e pelas nomeações de juízes entenderam compensar os queixosos com a nomeação de um árbitro fanático do Benfica para o próximo desafio, difícil, contra o Vitória, em Guimarães?
Não digo que tenha sido de propósito, mas a escolha de Pedro Proença até fez rir Suazo, já em Itália, mas incapaz de se esquecer da sua experiência lusitana.

2 comentários:

Este Salvador é um cromo de primeira, sempre a mando do Padrinho!!! :D

infelizmente é o Salvador, os jornalistas que não acham estranha a situação do Adriano, e os árbitros que nos jogos do Benfica têm tanto medo que fartam-se de cometer erros infantis... claro que sempre contra o Benfica, porque quando se enganam e favorecem sem querer são logo crucificados em praça pública...

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