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13 agosto 2009

Crónicas de Leonor Pinhão


Não seria melhor ideia trocar a nacionalização de Liedson pela de Hulk?

Por Leonor Pinhão in A Bola

Sobre a hipótese de Liedson vir a ser brevemente mais um internacional português, o seleccionador nacional explicou-se bem antes da partida para o Liechtenstein: «A probabilidade existe desde que o processo fique concluído».
O que quer dizer que, para Carlos Queiroz, é de ordem burocrática o único obstáculo que impede o avançado brasileiro do Sporting de vestir a camisola das quinas.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol está atento a esse tal pormenor burocrático que pretende ver depressa ultrapassado.
Gilberto Madail deu conta, publicamente, dos esforços empreendidos pela FPF nesse sentido: «A Federação solicitou que o processo de naturalização de Liedson ande mais rápido, embora estas questões levem o seu tempo». Que estas coisas «levam o seu tempo» é uma grande verdade. E levaram tanto tempo a congregar a coragem política e as outras coragens necessárias a semelhantes procedimentos de naturalização de jogadores estrangeiros de modo a poderem alinhar nas selecções nacionais que, quando, finalmente, a papelada está toda pronta e devidamente carimbada, já outras questões bem mais prementes se colocam.
Como, por exemplo, esta: em função da utilidade — sim, porque apenas se trata de uma questão de utilidade patriótica — não valeria a pena trocar a naturalização de Liedson, excelente jogador, sem dúvida, mas não propriamente uma jovem esperança do futebol mundial, pela naturalização de Hulk antes que Dunga se lembre de chamar o Incrível aos trabalhos da selecção do Brasil?
O último elogio ao avançado do FC Porto chegou da maior autoridade mundial na matéria, nem mais nem menos do que Diego Armando Maradona, para quem Hulk é uma das poucas «grandes revelações do momento». Vá lá, Gilberto Madail, meta os papéis e nem pergunte nada ao rapaz… Patriótico, mas patriótico a valer, incrível mesmo, era o Hulk, sem saber como nem porquê, acordar um dia português.

O presidente do Sporting é muito bom, quase ajuizado, a falar dos outros clubes, mas não é assim tão bom quando fala do clube dele. José Eduardo Bettencourt tem de encontrar um equilíbrio no discurso sob pena de se transformar num alvo fácil sempre que os resultados desportivos não lhe corram de feição, o que acontece, de vez em quando, até aos melhores e aos mais felizes. E aos cromos da bola. Mas cromos da bola já temos, em todos os clubes, para dar, vender e até para a troca.
Na semana passada, na véspera do sorteio europeu, o presidente do Sporting foi, certamente, muito sincero quando afirmou à comunicação social que dos adversários possíveis do Sporting queria todos menos a Fiorentina. Pronto, saiu-lhe logo a Fiorentina… Não é que a opinião de José Eduardo Bettencourt não revele bom senso, é óbvio que revela. A gritante falta de bom senso está apenas no exprimir da opinião em voz alta porque, nestas coisas do futebol, a sinceridade tem um preço caríssimo. Como todos sabemos por experiência própria.
Já há algumas semanas atrás, o presidente do Sporting teve outro ataque de sinceridade em relação ao seu clube que não lhe ficou nada bem. Perguntaram-lhe qual era o presidente que mais admirava em toda a história do Sporting e Bettencourt, rápido como um raio, respondeu logo: Góis Mota! Ora Góis Mota, presidente do Sporting e da Legião Portuguesa — deixemos rapidamente as questões políticas e as implicações constitucionais de lado —, entrou na história do futebol português naquele preciso momento da tarde de 11 de Novembro de 1956, um domingo, em que o Sporting jogava com o Atlético no estádio da Tapadinha e se encontrava empatado, 1-1, ao intervalo. O preciso momento foi, precisamente, o momento em que o presidente Góis Mota, com a autorização de porte de arma que lhe foi concedida a bem da nação, entrou na cabina do árbitro, o senhor Braga Barroso, juiz encartado pela Associação de Futebol de Leiria, e, de pistola em punho, exigiu uma segunda parte mais condigna com os seus objectivos em função do regime.

Ora, se o actual presidente do Sporting, cujo mandato vigora num período histórico em que a Legião Portuguesa foi declarada (e logo em 1974) uma organização anti-constitucional, proclama a sua admiração por um presidente que ameaçava árbitros na cabina ao intervalo, imaginemos só o que passa pela cabeça dos actuais árbitros e dos seus dirigentes responsáveis, como é o caso dos senhores Vítor Pereira e Luís Guilherme, a quem, felizmente, nunca nenhum jornalista se lembrou de perguntar quais eram os presidentes do Sporting que mais admiravam em cem anos de História. Ah, isto não é bom senso! Já quando fala dos outros clubes, José Eduardo Bettencourt parece bem mais ajuizado. Coloca, com o devido respeito, o FC Porto no seu lugar crónico de campeão português e refere-se ao Benfica como um emblema que «fez boas contratações», o que não deixa de ser a constatação de um facto. Embora de factos esteja o inferno cheio, como também bem sabemos.
De acordo com a comunicação social, as palavras do presidente do Sporting caíram mal entre os sócios e os adeptos do Sporting. O problema é deles. Bettencourt limitou-se a colocar a pressão sobre os seus adversários directos na luta pelo título, descartando-se de todas as responsabilidades na grande saga que se adivinha.

E fez muito bem. O Benfica, por exemplo, que se estreia no domingo recebendo o Marítimo, na Luz, não só recebe o sempre incómodo e valoroso Marítimo como o árbitro Artur Soares Dias, do Porto. Por um cúmulo de experiência adquirida e, parvamente, também por um cúmulo de superstições, casa vez se torna mais óbvio que as grandes decisões dos campeonatos se consubstanciam nas primeiras cinco jornadas e não nas últimas, como seria de esperar. Este ano vai ser terrível.

E agora? O problema maior do Benfica era o guarda-redes. Despachou-se Moretto e estabeleceu-se que, dos restantes, Quim era o terceiro, o descartável. Tal como já tínhamos tido oportunidade de assistir, na final da Taça da Liga, Quim pode ser muito bem o descartável até começar a defender grandes penalidades, porque nesse campo específico, é imbatível. Repetiu-se o facto contra o Milan.
E agora?

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