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29 julho 2009

Crónicas de Luís Freitas Lobo


Um jogador, uma filosofia

Por Luís Freitas Lobo in A Bola

UMA equipa, no essencial, são cinco grandes ideias-base de jogo que a orientam nos diferentes momentos. A construção é dar-lhe consistência colectiva. O novo Benfica de Jesus prossegue esse processo mas há jogadores mais relevantes do que outros como pilares dessa construção.


Nesse plano, mais do que discutir o valor de Javi García, é mais importante analisar que tipo de jogador é Javi García. Estilo e características. Porque tendo em conta o facto de ele jogar naquela que é hoje a posição mais táctica de uma equipa, tal expressa, por si só, uma filosofia global de jogo (a do treinador).
Escolher entre um jogador mais técnico e com cultura de posse para sair com a bola, ou antes por um mais robusto, de choque e que sirva sobretudo de referência para equilíbrios defensivos. Diferentes formas de entender o mesmo espaço, a máxima zona de pressão. O espaço à frente da área.
A fórmula de Jesus prefere, para essa posição, um jogador do segundo estilo. Mais robustez física, em vez de agilidade. É uma questão conceptual. Na sua filosofia de jogo/posição, entende que parte dessa característica atlética, o traço indispensável para, em campo, um jogador poder interpretar táctica/fisicamente a missão que lhe destina no seu modelo dentro de um sistema de 4x1x3x2. E esqueçam o losango. O Benfica não joga em losango. Joga com um pivot-trinco e três meias de vocação.
Javi García encaixa no seu perfil predilecto. Por isso, não faz sentido criticar o facto de ele não sair com a bola. Porque essas não são as suas características e nem Jesus lhe pede isso. Pede-lhe sobretudo que encaixe bem na posição em função dos centrais que estão nas suas costas e equilibre o processo defensivo. Vendo-o o jogar contra o Ajax (a sua melhor exibição, disse Jesus) vi um jogador posicional (ou seja, que nunca saiu do seu espaço) e quando saiu foi para ir buscar/chocar dois-três passos à frente com algum adversário (fazendo falta) que ameaçava entrar mais solto; ou quando, vendo os desequilíbrios criados nas suas costas, recuou para dentro da área (circunstância que, noutro conceito de jogo, muitos treinadores proíbem ao seu n.º 6) para interceptar linhas de passe ou ir atrás do avançado que escapava. Na construção, limitou-se ao passe curto. E está feito. É este o n.º 6 que Jesus procura. Esqueçam o perfil de sair a construir desde trás. A base é outra: sentido táctico. Algo que não nasce de geração espontânea e é trabalho, sobretudo, do treinador no treino com transfer para o jogo.
Outra questão já seria, por exemplo, debater como ter um jogador tipo Javi García exige um central tecnicamente forte e rápido a sair com a bola nos pés. Um desafio a David Luiz. Ou, até, discutir se é este o tipo de pivot que o Benfica, ou qualquer grande equipa, deve ter, no plano construtivo do jogo. Claro que gosto mais de ver o perfil Pirlo/Makelele (para sair da pressão, jogar em vez de chocar) mas isso já é uma questão conceptual. O problema (para Jesus, é a solução) está na filosofia.

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