São Paulo Bento, padroeiro da asneirada
Um dos aspectos mais surpreendentes da derrota do Benfica de ontem foi o facto de o treinador adversário não ter substituído os seus dois jogadores mais perigosos pouco depois do intervalo. Quando, na semana passada, o treinador do Setúbal (por coincidência, um clube com dificuldades financeiras) substituiu os seus dois melhores jogadores (por coincidência, ambos emprestados pelo Porto) ao minuto 58 do jogo contra o Porto, pensei que esta nova moda do futebol português ainda nos poderia salvar a época. Enganei-me. A estratégia só se aplica em jogos contra o Porto.
Quando, na final da Taça da Liga, Paulo Bento se dirigiu ao árbitro para fazer o gesto que popularmente designa o acto de roubar, a Liga examinou o caso e, com o fim de moralizar o futebol português, não fez rigorosamente nada. Depois, quando o mesmo Paulo Bento foi expulso em Guimarães e recomendou repetidas vezes ao árbitro que visitasse determinada localidade, a Liga examinou o caso e, sempre com a moralização do futebol português em mente, optou por não fazer rigorosamente nada. Significa isto, evidentemente, que Paulo Bento tem razão. O modelo de arbitragem, neste país, é uma vergonha. Um sistema que não pune severamente um treinador que trata os árbitros como um campino trata o gado acaba por dar razão ao treinador que trata os árbitros como um campino trata o gado. É uma pescadinha de rabo na boca bem divertida: se a Liga punisse Paulo Bento como deve, Paulo Bento teria menos razões de queixa. Já Rui Costa, não se pode queixar. «Tenham vergonha das asneiras que fazem», terá dito o maestro, e foi exemplarmente castigado. Os árbitros, pelos vistos, são assim: não se importam de ser ladrões, mas ai de quem lhes peça para terem vergonha.
O certo é que Rui Costa ainda tem pouca experiência como dirigente, e talvez tenha aprendido aqui uma lição para o futuro: da próxima vez que quiser criticar um árbitro, o melhor é não cometer o ilícito de lhe recomendar que tenha vergonha. Mais vale adoptar a conduta digna e séria de lhe chamar gatuno e fazer umas considerações azedas sobre a actividade profissional isenta de impostos desenvolvida pela mãe do juiz em causa. Quando se opta por uma postura honrosa, evitam-se os castigos. Mesmo assim, não sei se será possível evitá-los: a boca de Paulo Bento é santa. Qualquer bojarda que de lá saia tem perdão. Ou Rui Costa atinge depressa o mesmo estado de virtude ou continuará a ser castigado por bagatelas.
Ao que parece, o próximo presidente do Sporting será o actual presidente do Sporting, o mesmo que disse que não seria candidato a presidente do Sporting. É, sem dúvida nenhuma, um clube diferente. Só um reparo: proponho que, em vez de «presidente», Soares Franco seja tratado por D. Filipe I. Se se trata de um regime monárquico, mais vale tratar o rei como ele merece.
O NÚMERO DO NENÉ
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Não podia ter sido melhor a noite que serviu para homenagear Nené -
goleador que vestia a camisola número sete. Um jogo cheio de golos, e um
placard final ...
1 comentários:
E o quanto me apraz registar que têm mais consideração pelo Paulo Bento do que pelo Rui Costa. Não percebo é a referência ao presidente do SCP...se já disse que não vai ser candidato...e não vai...para quê tocar em assuntos com uma tremenda falta de verdade. É não ter mais nada para dizer. De nível era alertar para o tremendo fracasso desta (não) equipa de futebol do benfica. Mais um ano na luta pelo 4º e 3º lugar. É só investir milhões e milhões para nada...é uma alegria.
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