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03 setembro 2011

Portugal sem espaço para a "prata da casa"

Os escalões de formação dos clubes portugueses contribuem pouco para os plantéis das respectivas equipas principais. Segundo uma análise feita pelo PÚBLICO, apenas 8,25% dos futebolistas das 16 equipas da I Liga foram formados no clube que actualmente representam.

Esta conclusão está em linha com o mais recente estudo europeu, feito pelo Observatório de Futebolistas Profissionais, apresentado em Janeiro passado, segundo o qual Portugal era o país da Europa em que os jogadores formados no clube tinham menos peso - 6,4% em 2010-11, ligeiramente menos do que o valor apurado pelo PÚBLICO para a época 2011-12.

Contando ainda com Yannick Djaló (cuja mudança para o Nice ainda não foi oficializada), o Sporting é que mais recorre a futebolistas formados no próprio clube (seis), seguido de Benfica e Marítimo, ambos com quatro. No pólo oposto, estão FC Porto, Nacional e Vitória de Setúbal, que nos plantéis principais não incluem qualquer jogador proveniente dos seus escalões de formação.

Considera-se que um jogador é formado no próprio clube quando, entre os 15 e os 21 anos, esteve pelo menos três temporadas inscrito por esse clube. Este conceito, aliás, já faz parte dos regulamentos da UEFA, que nas provas europeias obriga os clubes a inscreverem oito jogadores formados no país (em qualquer equipa desse país), sendo que pelo menos quatro dos quais têm de ser formados no clube.

Capdevila e não só de fora

Nas competições europeias, dos 25 futebolistas inscritos como seniores só 17 estão livres destas imposições: as restantes vagas são para jogadores formados no clube (entre quatro e oito) e no país (entre um e quatro). Se não preencherem as oito vagas de futebolistas formados locamente, os clubes ficam limitados no número de inscrições.

É o que acontecerá com o FC Porto, que só poderá inscrever 21 jogadores seniores na Liga dos Campeões, porque não tem qualquer elemento formado no clube. Assim, inscreverá quatro jogadores formados no país (Rolando, Moutinho, Varela e Djalma) e sobram 20 jogadores para apenas 17 vagas. Entre Walter, Iturbe, Cristian Rodríguez, Mangala e Alex Sandro, quatro deles ficarão de fora.

No Benfica, que também tem algum excedentes neste capítulo, Jorge Jesus já adiantou que Capdevila ficará novamente de fora, porque o clube da Luz tem 18 "estrangeiros" para as 17 vagas possíveis. No Sporting, Domingos Paciência já afirmou publicamente que na sua carreira nunca foi tão fácil elaborar uma lista para a UEFA, mas mesmo assim os "leões" têm 19 jogadores para as 17 vagas de não formados localmente, embora as lesões de Luís Aguiar e a juventude de Arias facilitem a selecção do treinador.

E se na UEFA os clubes portugueses têm de fazer contas na hora de inscrever jogadores, o mesmo não se passa em Portugal. Os regulamentos da Liga incluem a obrigação de inscrever pelo menos oito jogadores formados localmente, mas neste caso a exigência limita-se a futebolistas que sejam formados no país (e não no clube).

Além disso, estes oito jogadores formados localmente não são obrigatórios numa lista de 25 futebolistas como na UEFA, mas sim no universo de 50 atletas que os clubes podem inscrever em cada época: 27 seniores, três ex-juniores e até 20 sub-23 ou juniores do clube-satélite. Como revelou ao PÚBLICO fonte da Liga, nunca houve um caso de incumprimento desta regra.

Fernando Gomes, presidente da Liga, declinou comentar, mas o PÚBLICO sabe que a posição deste organismo é que as regras só podem ser alteradas pelos clubes, além de considerar que o campeonato nacional não é comparável às provas europeias.

Os regulamentos da Liga incluem ainda uma outra regra: na Taça da Liga, as equipas têm de utilizar dois futebolistas formados no país, durante, pelo menos, 45 minutos em cada jogo. Quem não cumprir é penalizado com multa de 2500 a 10 mil euros, acrescida de derrota se o incumprimento ocorrer nos últimos três jogos da competição.

O outro lado da moeda

É importante, por outro lado, referir que os conceitos de jogador formado no clube e no país não têm qualquer relação com a nacionalidade, já que a legislação europeia proíbe qualquer discriminação. Um exemplo: o angolano Djalma é formado em Portugal.

Estes conceitos foram a maneira encontrada pela UEFA para tentar proteger os jovens jogadores, na sequência da lei Bosman, que na década de 1990 liberalizou a circulação de futebolistas europeus no espaço comunitário.

Depois deste acórdão, o número de estrangeiros nos campeonatos europeus aumentou exponencialmente, o mesmo tendo acontecido em Portugal, onde o Governo acaba de criar um grupo de trabalho para estudar formas de proteger os jogadores nacionais.

O outro lado da moeda é que há hoje mais futebolistas portugueses em campeonatos estrangeiros. Um levantamento do PÚBLICO com base no site zerozero.pt mostra que há 156 portugueses nas ligas europeias (Andorra foi excluída da contagem, por ter um campeonato de terceira linha)

2 comentários:

Se os jogadores portugueses não fossem de qualidade estavam quase todos em Portugal.O jogador português é um dos jogadores mais procurados no mundo pela sua qualidade e polivalência.

Gostaria de trocar links com o vosso blog.
http://mistica-vermelha.blogspot.com/
(aguardo resposta)

Já coloquei o seu link no meu blog.

Abraço

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