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15 dezembro 2010

Mudar mais


Como o país, o Benfica vive dias nervosos, desafiantes. Domingo, no jogo da Taça com o Sporting de Braga, a tremedeira gloriosa não tinha por onde escapar. Era um teste definitivo, de ou-vai-ou-racha, um verdadeiro mata-mata psicológico. E, sim, esse peso foi visível durante os noventa e poucos minutos que durou a partida... Ou, felizmente para o Benfica, durante noventa e poucos minutos menos dois magníficos segundos.
Lembram-se daquela canção que Nat King Cole cantava em espanhol, no tempo em que os microfones eram felizes e quadradões, “Ansiedad”? Pareceu-me ouvi-la durante o jogo; a música como que nascendo das imagens de passes previsíveis, desmarcações inconvictas, cruzamentos moles. Que canção tão triste, não concordam, amigos? “Ansiedad”... A banda-sonora apropriada para o futebol domingueiro, burocrático, delicodoce, que levámos para o jogo com os arsenalistas.
Felizmente, houve aqueles dois segundos de puro silêncio. El Conejo saltando na área para a hora agá, rodando a perna sem figuras de estilo, apontando o pé com o sangue-frio de um cirurgião: golo. E depois El Mago. A bola antipática, contra o poste, devolvida ao remetente, rejeitada pelo guarda-redes, perdida no ar - até que Pablito sobe e, qual poeta colando mistérios à página, cabeceia para a mais bela das palavras: golo.
Dois instantes de brilho dos nossos craques argentinos. Mas é pouco, não, para um jogo do Glorioso?
Até Jesus já reconhece que a história não está correr muito bem. A propósito, repararam na mudança de personagem do mister benfiquista? Uma postura mais contida, um tom mais equilibrado, outra lucidez de análise. Sim senhor, acho óptimo. Mas temo que ainda falte qualquer coisa. Sair da fase de negação é apenas o primeiro passo, agora é preciso o resto. É bom ver as coisas como elas são, claro, mas não basta ir de recuo em recuo... Veja-se a embrulhada europeia. Em vez de enfrentar a crise com um corajoso salto político, a União Europeia limita-se a recuar, resgatando os periféricos à medida que estes vão caindo. A isto chama-se adiar o problema, não resolvê-lo. Não sei se Jorge Jesus tem seguido o folhetim das crises soberanas, mas aqui fica o meu apelo: por favor, não caia no mesmo erro. Queremos ganhar e ganhar com alegria. E, para isso - no Benfica como no país e na Europa - há um só caminho: mudar, mudar de novo, mudar mais.


Jacinto Lucas Pires

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