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25 dezembro 2010

É quando um homem quiser


Não temo rigorosamente uma virgula, nem me envergonho em tropeçar nuns clichés de trazer por casa, nesta crónica que dedico ao Natal. Porque esta é a data que se sente transversalmente no género, na indiferente cor da pele, nas discrepantes classes sociais, e nas múltiplas doutrinas filosóficas. Hoje, também se sentam à mesa agnósticos e ateus, em cumprimento de um cerimonial ao qual nem eles resistem. Só lhes fica bem.

Aproliferação – para os mais ortodoxos doutras crenças, invasão da fé cristã – deste ritual comemorativo a outros locais de tradição religiosa díspar demonstra a maior de todas as conspirações: o Amor. Mesmo correndo o risco de já ter perdido a sua atenção, que aguardava qualquer dissertação, em jeito de apreciação anual, ao panorama desportivo, exorto, ao invés, o Nascimento exemplar.

Num olhar contemplativo deparamo-nos num quadro de família desestruturada, com o futuro comprometido. Maria, mãe adolescente. José, carpinteiro a biscate. Segundo as Escrituras, este casal foi compulsivamente posto em risco, tendo de confiar em promessas anunciadoras de responsabilidade, e não propriamente numa predição auspiciosa de regalias materiais ou sociais.

Entre muitos chavões desta época, o “Natal ser quando um homem quiser” tem autor. Chama-se José Carlos Ary dos Santos, poeta maior da cultura portuguesa, que no Natal de 1975, em conjunto com Fernando Tordo, autor da musica, e Paulo de Carvalho na interpretação, deixaram impresso para a eternidade uma das mais belas odes a esta quadra. Com a devida vénia aqui fica:

“Tu que dormes à noite na calçada do relento

Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento

Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento

És meu irmão amigo

És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme

Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume

E sofres o Natal da solidão sem um queixume

És meu irmão amigo

És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

É quando um homem quiser

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar

Tu que inventas bonecas e comboios de luar

E mentes ao teu filho por não os poderes comprar

És meu irmão amigo

És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei

Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei

Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei

És meu irmão amigo

És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

É quando um homem quiser

Natal é quando nasce uma vida a amanhecer

Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher”

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