Dizia-me o barbeiro, há meia dúzia de dias:
- Amigo, tenho-o em boa conta e gosto de vê-lo por cá, mas o meu amigo se fosse esperto comprava uma daquelas máquinas e cortava mas era o cabelo em casa.
Estranhei.
Saí do barbeiro e mais volta menos volta parei em frente à loja de discos, das poucas que ainda há pela cidade. Estava fechada e tinha aposto um letreiro:
- Caro cliente, os tempos mudaram. É hora de comprar música pela internet.
Acho que estranhei.
Baralhado com os novos tempos, segui caminho. Quando me preparava para empurrar a porta do restaurante de sempre, que costuma estar encostada, dei com ela fechada. Não havia letreiro, mas passava por ali um vizinho, também cliente habitual.
- Ó shor Alexandre, isso vai ou não? Olhe, o nosso amigo do restaurante, agora, passa a maior parte do tempo em casa. Diz que não há melhor do que comprar comida congelada, já feita, e botar no micro-ondas. Não chega a cinco minutos e sai tão bem como quando passamos meia hora a mexer a panela de um lado e a ver, do outro lado, se as brasas estão boas para assar o peixe sem queimar nem deixar sangue. Não é a Bimby mas quase!
Estranhei de novo, mas lembrei-me que de facto, logo de manhã, no lugar da banca de jornais tinha encontrado anúncios de computadores cheios de links coloridos. «Vinha comprar o jornal? Para quê?»
Claro que tudo isto foi um sonho. Mas por que raio teria sonhado isto? Seria por causa do apelo do Benfica aos adeptos para que não fossem ver a equipa nos jogos fora de casa? Caramba, afinal aquilo tinha sido apenas um desabafo, feito no calor dos pontos perdidos e no arrepio de ver fugir o primeiro classificado...
Acordei. Como de costume, liguei o rádio.
O locutor lia uma carta de Luís Filipe Vieira a reforçar o tal apelo. Estava ensonado, mas captei a essência da mensagem: adeptos de futebol e do Benfica, por favor não vão ao futebol... nem para ver o Benfica! Venham apenas ao Estádio da Luz, cá é que joga o Benfica, não vão dar dinheiro aos maus que não nos deixam ganhar ao Guimarães, ao Nacional e à Académica.
Belisquei-me, mas já estava acordado. Posso prová-lo com documentos e nem sequer preciso de recorrer ao vídeo da excelente resposta que André Villas-Boas deu a Luís Filipe Vieira.
Já passaram uns dias. Ainda não percebi a diferença entre aquele sonho e a realidade de ver um presidente de clube a despromover o produto que supostamente deveria querer vender.
Enquanto isso os adeptos, inteligentes, vão comprando bilhetes para o jogo de Portimão.
É o Benfica que alimenta o futebol português? Não exactamente: o amor que os adeptos têm ao Benfica alimenta uma fatia da economia do futebol português, é certo - mas acima de tudo alimenta o próprio Benfica. Inverter os termos desta relação não passa de demagogia.
4 comentários:
Não concordo com a opinião deste senhor.
http://forcamagicoslb.blogspot.com/2010/10/preocupacao.html
É uma besta!!!!
Este palhaço e mais um dos lambe o cu ao peidoso senil,ate mete nojo
Este tem uma panca. O texto não faz sentido nenhum. Mas não admira, se fosse inteligente era do Benfica, não sendo só pode ser burro e escrever isto.
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