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22 abril 2010

O grande desafio de Jesus - Por Fernando Guerra


Por Fernando Guerra in A Bola

COMO é que se mede o valor de um treinador? Pelas vitórias, pelos títulos? De facto o único dado objectivo de aferição é precisamente esse, a riqueza do currículo, embora de uma falibilidade perversa, na medida em que o futebol vive atolado em exemplos que a contrariam. A mesma linha de orientação aplicada com idêntico rigor pela mesma pessoa em dois clubes distintos, num pode ser a porta que se abre para o êxito, no outro a causa da ruína. O currículo é tão-somente peça importante de selecção, pois será preferível contratar alguém com tendência para ganhar do que um incorrigível perdedor...
Nesta matéria, o consenso é algo de muito vago, quase irreal. Como todos nos achamos no direito de avaliar, o mais problemático é encontrar duas mentes em consonância, dada a tendência em carregar de defeitos a quem o vizinho só nota virtudes...

Treinadores bons, mesmo bons, dos inquestionáveis, dos que em cinco pelo menos quatro estão de acordo, assim de repente, os dedos de uma mão devem chegar para os referenciar. Fabio Capello, José Mourinho, Marcelo Lippi, Guus Hiddink e... fico-me por aqui. Depois há outros que me parecem igualmente fantásticos mas em relação aos quais as opiniões divergem. Ferguson, sim, mas só trabalhou no Manchester United; Rafael Benitez, duas conquistas na Europa mas em Inglaterra é um zero no comando do Liverpool; Wenger, um especialista na descoberta de talentos, mas não ganha campeonatos; Guardiola, excelente, mas com este Barcelona é simples, tem de passar por outra experiência. Podia ficar aqui o dia todo a escrever nomes, Van Gaal, Trapattoni, Rijkaard, Ancelotti, Le Guen, Blanc, Ranieri ou Pellegrini, que jamais se chegaria a conclusão alguma. São todos respeitáveis cidadãos, mas desgraçadamente apenas bons treinadores, o que é de menos para pôr todos os adeptos de um clube a pensar da mesma maneira...

PORTUGAL não se limita a Mourinho. Sinceramente, julgo haver motivos para esperar coisas boas, como diria Artur Jorge, de nova geração emergente, onde cabe gente desde Carlos Carvalhal, Jorge Costa, Paulo Sérgio, Paulo Duarte ou Daúto Faquirá até Vítor Pereira ou Leonardo Jardim. Não esquecendo, claro, o que considero já agradáveis confirmações: Domingos Paciência e Paulo Bento. No entanto, a estrela da companhia tem sido Jorge Jesus, o mestre de coisas que não se ensinam nas universidades, como maravilhosamente foi definido pelo professor Manuel Sérgio. Misteriosa é a desconsideração com que sempre o encararam, ao ponto de só agora, em fase tão adiantada da carreira, lhe ter sido dada uma grande oportunidade. Tal como se verificou com Jesualdo Ferreira, o qual, por razões que a razão desconhece, amealhou o primeiro campeonato meia dúzia de dias antes de assinalar o seu 60.º aniversário. Não é pecado nenhum , por isso, assumir que também Jesus teve de esperar uma eternidade até lhe serem proporcionadas as necessárias condições de trabalho para um projecto sério, de ilimitada ambição desportiva.

Com os pés na terra e os olhos no futuro, Luís Filipe Vieira agarrou num caso esquecido e transformou-o numa fonte geradora de riqueza incalculável. É firme intenção do presidente do Benfica fornecer ao treinador por si escolhido a possibilidade de se tornar no português com mais conquistas em campeonatos nacionais. É este, na verdade, o mais aliciante desafio que se coloca a Jorge Jesus, o de ser capaz de desenhar um novo ciclo e suplantar em número de títulos os até agora recordistas, ambos ao serviço do FC Porto, Artur Jorge (1985, 1986 e 1990) e Jesualdo Ferreira (2007, 2008 e 2009). Em relação a este, com uma diferença significativa: quando no próximo dia 9 de Maio se disputar a derradeira jornada da Liga e, como tudo leva a crer, o Benfica for aclamado campeão, Jorge Jesus estará a cerca de dois meses de completar o seu 56º aniversário. Como conta o anúncio da Caixa, também para ele a vida de treinador vitorioso pode começar aos 55. Muito a tempo de alterar a história...

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