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Cardozo fez o 30.º golo da época com o Liverpool. Há 11 anos, o capitão do Benfica fez 34 numa equipa que tinha Thomas e Pringle
"Tem lá cuidadinho, que estas perninhas valem ouro, ouviste?!"
Meio a brincar, Nuno Gomes deixava um aviso ao cão que passarinhava à sua volta enquanto era convencido por um grupo de miúdos a dar-lhes o bilhete extra para o Turquia-Portugal do Euro-2000. De chinelo no dedo, calções curtos e pólo da selecção no centro de estágios de Ermelo (Holanda), Nuno Gomes vivia o seu momento de ouro - vinha de outra época positiva (20 golos pelo Benfica), era titular nas quinas e estava prestes a tornar-se a revelação da competição. Não o sabia, mas era o fim de um filme sem sequelas: em três épocas pelos encarnados tinha feito 76 golos, 34 dos quais em 1998/99. Foi obra, pois foi. Porque só agora, 11 anos depois, é que um futebolista do Benfica chega às três dezenas - Cardozo fez o 30.o no segundo penálti de quinta-feira com o Liverpool.
A diferença é que Cardozo está rodeado de estrelas, numa equipa que lidera a Liga, tem as meias-finais da Liga Europa à mão de semear e um treinador respeitado pelo grupo, e Nuno Gomes estava rodeado de alguns jogadores medíocres (Michael Thomas, Martin Pringle, Dean Saunders e Steve Harkness), outros assim-assim (Kandaurov e Minto) e apenas três estrelas (Preud'Homme, João Vieira Pinto e Karel Poborsky). Para não falar de um técnico, Grame Souness, conflituoso, polémico com conta, peso e medidas diferentes para os homens que considerava estarem com ele (os ingleses, claro) ou contra ele. JVP e Nuno Gomes estavam no segundo grupo. Por chegarem atrasados dez minutos a um treino, Souness puxou dos galões e sentou-os no banco na Madeira, contra o Marítimo (13 de Fevereiro) - derrota por 0-1. JVP e Gomes até podiam merecer o castigo, mas Harkness e Charles não mereciam a titularidade frente ao Boavista (14 de Março) quando tinham só três treinos nas pernas - derrota por 0-3, na Luz. Como não há coincidências e ele era mesmo fraquinho, o escocês acabou por sair depois do empate com o Campomaiorense (1-1), a três jornadas do fim. Para tornar a coisa ainda mais pitoresca, foi Shéu Han - o faz-tudo do Benfica - que assumiu o comando da equipa até final da temporada. E nem se saiu mal: uma derrota (1-0) com o Vitória de Setúbal, duas vitórias frente ao Chaves (4-1) e à Académica (3-0) e um empate diante do rival Sporting (3-3).
Contas finais: Voltemos a Nuno Gomes. O camisola 21, que começou essa época com 21 anos, marcou 34 golos em 43 jogos: 24 no campeonato, três na Taça de Portugal e sete na Liga dos Campeões: dois aos desconhecidos do Beitar de Jerusalém na pré-eliminatória, três ao PSV de Van Nistelrooy, um ao Kaiserslautern de Ballack e Ciriaco Sforza e outro ao HJK Helsínquia de Gustavo Manduca (sim, esse mesmo). Depois veio por aí abaixo nas 11 épocas que se seguiram: 20, 13, 7, 9, 12, 12, 17, 13, 9 e 9, de 2000/01 a 2008/09. Este ano marcou só quatro e na quinta-feira fez mais uma perninha, contra o Liverpool: 21.o jogo da época, cinco a titular e nenhum completo. E quando circula a petição "Deixem o Nuno Gomes jogar" na internet, não é preciso dizer mais. A era dele já era.
3 comentários:
Quando puderes... Golo!
NUNO Gomes
um exemplo,simpatia,educação,dedicação,desportivismo,respeito,tudo de bom para ti com muitos golos
Realmente alguém (como jogador e como uma pessoa) que admiro há anos. Pela sua postura dentro do meio desportivo, sempre humilde, correcto e sem registo de conflitos. Um verdadeiro CAPITÃO! Grande Nuno!
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