Por Carlos Daniel in Record
Fui seguramente dos primeiros a escrever, aqui mesmo e ainda o campeonato não tinha começado, que Luís Filipe Vieira e Rui Costa podiam, desta vez, descansar com a escolha de treinador que tinham feito. Outros demoraram a aceitar a ideia de que - pese o nome - o Benfica tinha encontrado o seu messias futebolístico. Fosse porque o hábito prenunciava que a equipa da Luz quebraria mais dia menos dia, fosse porque alguma presunção na análise não os deixava ver o que era óbvio logo às primeiras jornadas: este Benfica jogava muito e tinha condições para uma época extraordinária.
É um facto que neste momento ainda pode nem ganhar nada, mas, sobretudo depois do que se viu ontem em Marselha, não há como negar: Jorge Jesus fez uma equipa forte tanto a atacar como a defender, dotou-a de caráter ganhador e acaba de lhe dar dimensão europeia. Na minha opinião, construiu o melhor Benfica em quase trinta anos, pelo menos desde a primeira passagem de Eriksson na Luz, que as melhores equipas desde então nem sequer se aproximavam do conjunto atual, sobretudo coletivamente.
Tendência comum da análise mais distraída: o Benfica estava melhor porque tinha melhores jogadores. Mas primeiro dependia de Aimar, depois de Saviola, agora de Di María. Verdadeiramente sempre dependeu essencialmente do treinador e da ideia de jogo que Jesus de modo invulgarmente competente construiu em poucos meses. Um dos que se referiram à maior valia individual deste Benfica foi Quique Flores. Mais valia estar calado. O Benfica tem a mais Javi García, Ramires e Saviola, mas tem a menos Katsouranis, Reyes e Suazo (todos titulares indiscutíveis nas equipas onde estão hoje). E é elucidativo comparar o que rendiam com o que rendem agora Luisão, David Luiz, Carlos Martins, Di María ou Cardozo. E como pode falar de individualidades um treinador que tem nas mãos Agüero, Forlán, Simão, Reyes e Paulo Assunção e correu risco iminente de ser eliminado por um Sporting que jogou mais de uma hora em Madrid com um homem a menos, e ontem com uma equipa toda remedada em Alvalade.
No futebol, mais que saber falar nas conferências de imprensa, interessa comunicar com os jogadores. Mais do que culpar publicamente os futebolistas que falham, é decisivo responsabilizá-los perante o grupo. Mais do que parecer bom treinador - sobretudo isto - é decisivo treinar mesmo muito bem. Jorge Jesus é diferente de Quique, desde logo por não ser queque. Mas é o melhor treinador que o futebol português produziu no pós-Mourinho.
PS 1: Por falar no homem, Mourinho deu mais uma lição em Londres. O atual futebol italiano é curto para ele. Madrid espera-o para o grande duelo com Guardiola.
PS 2: Não se pode falar de Messi como se fala de outro jogador qualquer. Ainda antes de fazer 23 anos já chegou ao nível onde só vi um outro argentino, também baixote e esquerdino.
1 comentários:
Gosto mais de pastel de nata... Mas se for um Pastel de Nata abençoado por Jesus, tanto melhor!
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