Por João Gobern in Record
Passadas, com mais eficácia final do que brilho, as tormentas da qualificação, Carlos Queiroz caminha para a lista final dos convocados nacionais que hão-de integrar a Seleção na África do Sul. O jogo particular com a China poderia - e deveria - valer a oportunidade a uns quantos jogadores que, na distinta medida das suas possibilidades, têm feito tudo ao seu alcance para que o selecionador os referencie, ao menos como hipóteses. Queiroz assina uma opção diferente - e o que se questiona é, precisamente, a lógica da sua lista.
Vamos por partes: Eduardo, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Rolando, Miguel, Tiago, Simão, Nani, Cristiano Ronaldo e Liedson representam a continuidade. Nada a opor. A não ser isto: a menos que ocorra alguma incómoda lesão ou alguma arreliadora baixa de forma, todos eles parecem ter lugar reservado na comitiva nacional de junho. Não teria sido interessante poupá-los, numa fase da época em que quase todos - e Eduardo é a exceção - apresentam uma pesada sobrecarga de jogos até por estarem envolvidos em mais do que uma frente competitiva? Ou até aqui Queiroz terá dúvidas?
Aconvocatória de Silvestre Varela, uma das confirmações desta Liga, levanta outra questão: se estamos sob o signo dos ensaios, porque não se dá igual oportunidade a Fábio Coentrão (adaptado a lateral-esquerdo), Ruben Amorim (pela polivalência), Daniel Carriço (em melhor forma que Rolando), até a César Peixoto ou João Pereira?
Noutra "frente": se Raul Meireles não tem primado pela regularidade, oscilando entre uma presença decisiva e um "apagão" inaceitável, porque não voltar a abrir portas a Nuno Assis, o maior responsável pela subida do Vitória de Guimarães? Mais: porquê Duda (um eterno equívoco) e João Moutinho e porque não Miguel Veloso, quando o esquerdino até "começou" a acertar com os caminhos da baliza adversária? Porquê Hilário e porque não Quim, guarda-redes titular e totalista da defesa menos batida do campeonato? E se Hilário é chamado pela experiência de balneário, como se explica que Nuno Gomes continue proscrito?
Carlos Queiroz é juiz e soberano - evidentemente. Não tem que justificar-se, pelo menos por agora. Mas seria interessante conhecer as suas razões, traduzíveis pelo enunciar de um critério ou de um par de regras. À vista desarmada, elas são difíceis de descobrir, sem a ajuda de quem as estabelece. E, já agora, se a Seleção é "de todos nós", julgo que perguntar não ofende.
P.S. - Apesar de Alvalade, mantenho: o FC Porto ainda é candidato ao título. Mais difícil? Claro que sim. Mas pior é apresentar o cansaço como razão, depois do descalabro diante de um adversário com mais jogos acumulados e menor tempo de recuperação desde a partida anterior.
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