Neste blog utilizo textos e imagens retiradas de diversos sites na web. Se os seus autores tiverem alguma objecção, por favor contactem-me, e retirarei o(s) texto(s) e a(s) imagem(ns) em questão.

13 março 2010

Gestão, liderança e poder

Por Carlos Daniel in Record



Lembro-me bem de ter aqui escrito que o que define uma boa equipa é - mais que tudo o resto - a qualidade dos jogadores e a competência do treinador. Outros, a propósito das crises do Benfica ou da falta de títulos do Sporting, repetiam palavras cheias de nada: estrutura, organização, entorno, estabilidade, mentalidade.

Não consigo deixar de sorrir quando leio, por exemplo, que o Benfica conseguiu dar a Jesus a estrutura de suporte que não garantiu a outros. É o contrário: Jesus é a estrutura, que definiu a organização, buscou a estabilidade e instaurou a mentalidade ganhadora. Podem escrever: o sucesso num clube só é possível se o treinador for a trave-mestra do projeto. Como Ferguson no United, Wenger no Arsenal, Guardiola no Barça ou Mourinho foi no Chelsea. Como Quique não soube ser no Benfica, como Pellegrini não é no Real (nem foi Queiroz, nem Schuster), nem alguma vez alguém quis que Carvalhal fosse no Sporting.

É ao treinador que compete, em primeira instância, gerir, liderar e exercer poder (de criticar ou "guerrear", motivar ou empolgar). Gere porque define a forma de jogar e escolhe os jogadores certos, valorizando-os. É líder porque não pode deixar de ser a única verdadeira autoridade dentro do balneário. E, porque não há melhor porta-voz dos interesses da equipa, dado o espaço mediático que lhe é reservado semana após semana, exerce poder.

Até este ano, no FC Porto, louvava-se a estrutura como base de sucesso, ignorando duas questões fundamentais: a falta de competitividade dos rivais (exceção ao ano em que Paulo Bento e Fernando Santos acabaram o campeonato "em cima" do Porto) e a qualidade do trabalho de Jesualdo Ferreira. Sei que esta última afirmação é hoje politicamente correta, sobretudo para aqueles adeptos que fazem de conta que tudo está bem quando a equipa ganha e - esgotados outros argumentos - crucificam o treinador quando perde. Um tricampeão não pode passar a incompetente por, à quarta época, não ter sucesso. O problema é que Jesualdo foi sempre um bom gestor no Porto, mas nunca se afirmou líder e menos ainda exerceu poder.

Geriu bem um, dois e três anos. Fez e refez equipas com bons resultados apesar da perda sucessiva de talentos, no que é indesmentível e merecedor de elogio reiterado. Já quanto a liderança, este ano, até se sujeitou - ele, que devia mandar no balneário - a ir a reboque dos jogadores nas queixas contra um jornal ou a fazer figura de corpo presente na conferência de imprensa em que permitiu que o terceiro guarda-redes fosse porta-voz do grupo.

Poder, obviamente, nunca teve ou não quis exercer. Esperou mais do que era razoável que lhe renovassem o contrato e depois aceitou, sem manifestar desagrado (muito pelo contrário), mais uma série de reforços inúteis e caros. Jesualdo está longe de merecer ser transformado no único réu da má época do Porto, mas já não conseguirá evitá-lo. Até porque, convenhamos, ajudou a isso.

0 comentários:

Enviar um comentário

Qual a tua opinião?
Usa e abusa deste formulário para tecer as tuas ideias em defesa do GLORIOSO SLB!!