Por Pedro Candeias in ionline
E linhas também: a do ataque, a do meio-campo e a da defesa. Será por elas que se vai coser o resultado
O Benfica das goleadas mil abrandou o ritmo, perdeu fulgor e nos últimos três jogos da Liga, somou 5 pontos. Nas mesmas jornadas, o FC Porto fez o pleno (9 pontos) e está apenas a um dos co-líderes Braga e Benfica. E depois do clássico de domingo, numa conjugação de desfechos que não é impossível, os dragões podem assumir a liderança do campeonato - se o Braga deslizar em Paços de Ferreira (sexta-feira) e se vencerem o rival na Luz, Jesualdo Ferreira e os seus estarão no topo. Mas estamos no plano das suposições, "das futurologias", como diria Manuel Cajuda. Não nos enganemos, um clássico é um desafio de tripla (1 X 2), em que o resultado dependerá do jogo do empurra entre três linhas: a do ataque, a do meio-campo e a da defesa. E há um homem-forte por cada um dos sectores a olhar nos olhos o homem-forte do outro lado da trincheira.
O BOMBARDEIRO E O TANQUE No ataque o Benfica apresentará Cardozo e o FC Porto terá Hulk - dificilmente poderiam ser mais diferentes. O paraguaio é um bombardeiro, daqueles estratégicos, lentos e pesadões, que atacam o coração do inimigo dentro da área. Numa equipa alta, é o expoente máximo da força aérea. Já o brasileiro é um tanque, um carro de combate, com uma capacidade de choque brutal, sempre em progressão mas com poucos ou nenhuns desvios - a baliza é o que vê e é para lá que se dirige em linha recta. Num conjunto que privilegia a guerra pelo chão, é o ícone da cavalaria portista.
Mas há algo comum a ambos além do pé com que rematam a bola. É a força com que a rematam. Aí, equivalem-se. "São bastante diferentes mas com uma potência no remate fantástica. Talvez o Hulk tenha um pouco mais de potência mas a colocação do Cardozo parece-me superior", diz Iordanov (ex-Sporting) ao i. O búlgaro, um faz-tudo enquanto jogador (foi central, trinco, extremo e avançado) encontraria dificuldades em defendê-los. "O Cardozo é muito inteligente na ocupação dos espaços na área mas o Hulk quando vem embalado é dificílimo de parar." Veredicto: X. Empate.
WALT DISNEY E ANIME No meio-campo, tanto o Benfica como o FC Porto entregam o cérebro a dois argentinos, baixinhos e geniais à maneira deles. Pablo Aimar é uma espécie de cartoon da Walt Disney - a alcunha da Argentina é El Payaso - que diverte pela forma simples como joga. Sempre com pezinhos de lã, com um corpo feito de borracha que esforçado em excesso estica ao limite. Até partir. E é por isso que Jesus o trata nas palminhas, cuidando do físico do n.o 10, clinicamente aconselhado a não jogar três partidas por semana. "Pela experiência que tem, o Aimar encontra mais e melhores soluções em cada momento do jogo", diz Octávio Machado, antigo médio de FC Porto e Sporting.
Do outro lado está Belluschi, um herói da Anime japonesa (chamam-lhe Samurai), que "perde para Aimar por ter menos experiência". Pequeno, compacto e agressivo, com um senhor remate e uma senhora capacidade técnica, é a ele quem cabe a missão de substituir Lucho. Impossível, porque são tão diferentes como o azeite do vinagre. Mas Belluschi dá um tempero diferente ao meio-campo portista que se apresentará na máxima força em Lisboa.
Já o Benfica tem baixas importantes para sábado: Amorim, Di María, Ramires ou Coentrão estão fora do clássico. Equivale a dizer que a velocidade encarnada também estará fora do jogo. Veredicto: 1, a vitória sai à casa. "Em forma, o Aimar é melhor que o Belluschi", confirma Machado.
O SIDESHOW BOB E O THRILLER As alcunhas são do i e a culpa é do penteado. David Luiz tem uma farta cabeleira, a fazer lembrar o Sideshow Bob, o antigo ajudante do Krusty the Clown. Tal como a personagem dos Simpsons, dá ares de simpático mas a simpatia esconde um instinto assassino que o Sideshow Bob não conseguiu esconder (quis matar Bart) mas que David Luiz controla. "Até nos pequenos defeitos, como a impetuosidade a espaços, eles são parecidos", diz Dito (ex-central de Benfica e FC Porto) sobre David Luiz e Bruno Alves. O defesa portista é o Thriller. Ou era, porque o penteado à Michael Jackson já era. Ainda assim, Alves é dado a entradas duras embora a experiência o tenha transformado num jogador apetecido pelos grandes da Europa. É a experiência e a capacidade de salto - Bruno Alves parece levitar.
"É uma dupla suspensão. Ainda no outro dia falava sobre isso com o Rui Águas, que também saltava assim porque tinha jogado voleibol até aos 20 anos. Quando os outros se encontram na fase descendente do salto, ainda o Bruno está lá em cima. Mas o David Luiz também tem uma grande capacidade de impulsão." E quem salta mais? "Não tendo estado a medir ao lado deles, parece-me que o Bruno está à frente." Nesse e noutros aspectos, porque a idade é um posto. Veredicto: 2, a vitória sai aos convidados.
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