Já estamos preparados para o discurso oficial: nada do que se passar no Sporting-Benfica de sábado será decisivo. É costume nosso, esta história de, preventivamente, tentar aliviar pressões (mesmo as positivas) e adiar conclusões (mesmo as drásticas). De um ponto de vista estrito, a ideia soa a uma verdade de La Palisse: à 11ª ronda e a valer apenas três pontos, Alvalade não ditará sentenças. Mas, se me permitem, o "D", que não serve como "decisivo", vale como "demonstrativo", "definidor". Ou simplesmente, como arranque para um dérbi.
Do lado dos leões, as palavras correspondem aos desejos - há um uníssono em torno do "novo ciclo". É essa a voz que vem da direção. Mas as feridas estarão saradas? As entrevistas de Paulo Bento serviram, no mínimo, para que ficassem expostas, desta vez com nomes (Rogério Alves, Ricardo Sá Pinto). Ora, depois da trégua da Taça de Portugal, o Sporting e Carlos Carvalhal precisam da vitória. Não tanto pelo atraso pontual, significativo, mas muito mais para passarem um sinal vigoroso de recomeço. Além disso, se parte da crise psicológica vem do arranque devastador do Benfica, não pode haver melhor tónico do que, nesta conjuntura, bater o rival. Para os jogadores, seria um verdadeiro choque vitamínico, muito mais efetivo do que a alegada promessa do novo técnico de que dispensa reforços em Janeiro. Este é, de resto, um passo perigoso para Carvalhal, que corre o risco de contradição e de vir a sofrer mais adiante as respetivas cobranças.
No que toca ao Benfica, há questões que perspetivam uma partida de total empenhamento. Se a onda de entusiasmo está longe de se esbater, a derrota de Braga, as dificuldades com a Naval e o desaire caseiro para a Taça podem passar a ideia de que se vai esbatendo a fase das "vacas gordas" (leia-se goleadas e exibições categóricas). É a estreia de Jesus num duelo entre "grandes". Está em aberto a possibilidade de não perder pontos para o Braga - com um jogo teoricamente mais fácil, recebendo a União de Leiria - e, sobretudo, de manter a distância interessante o FC Porto - que joga no Dragão, com o Rio Ave. O regresso de Cardozo pode ajudar. E, se o bloco que agora se abre e vai estender-se até à receção ao campeão nacional é fundamental, ninguém vai querer abrir com um tropeção.
Haja muito público e uma boa arbitragem. Mais futebol jogado, do que falado. Para variar.
NOTA - Com a renúncia de Hermínio Loureiro a uma recandidatura à presidência da Liga, depois de um mandato em que fez muito e mais deixou por fazer, é preciso não dar passos à retaguarda. Pelo seu percurso e pela sua personalidade, vejo uma boa escolha em Miguel Ribeiro Teles, agora livre de compromissos com o clube. Será possível?
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