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11 novembro 2009

Crónica de Luís Freitas Lobo


O jogo inteiro num minuto

Por Luís Freitas Lobo in expresso.pt

Olhares. Pode um jogo inteiro explicar-se numa jogada? Um minuto pode valer mais do que 89? De Braga a Liverpool, o jogo além do 'detalhe'.

Último minuto do jogo, o defesa falha, a bola passa, o avançado surge isolado frente ao guarda-redes. Remata, a bola bate no poste e sai para fora. Do outro lado, um jogador pega na bola sobre um flanco. Está a mais de 30 metros da baliza, tem uma floresta de adversários pela frente, a baliza mal se vê, remata, e a bola vai teleguiada a voar para entrar no ângulo mais distante, golo. O resto são os outros 88 minutos de jogo.

Os intérpretes da versão mais recente desde "filme de futebol" são Caicedo e Manu, respectivamente avançado possante com tranças do Sporting e avançado baixinho com rabo de cavalo do Marítimo.

Mas, pode um jogo inteiro explicar-se só a partir de uma jogada ou duas? É claro que algumas, como se gosta de dizer, "mudam o jogo", mas, pensando na lógica global que é um jogo de futebol (as duas equipas, tácticas, posições dos jogadores, todos os lances, estratégias...), é evidente que não. O futebol tem caminhos menos esotéricos, mais racionais.

Durante os 90 minutos, todos os jogos passam por distintas fases. Saber entender as diferentes formas de estar nelas é o segredo para a vitória. O resto é a ilusão do jogo se decidir nesses meros detalhes.

É fácil cair nessa ilusão. Acredito antes na teoria das "grandes competências". Em 88 minutos valerem mais do que dois. Os melhores jogadores, a melhor táctica, a melhor estratégia, a melhor forma de controlar a emoção e reagir ao jogo.

Diz Alex Ferguson que tem um segredo para, no banco, ganhar tantos jogos: "Espero sempre que seja o outro treinador a mexer primeiro na equipa". Com esta afirmação, está, no fundo, a dizer que o mais importante antes do jogo é preparar a nossa equipa, mas, depois, dentro dele, o segredo é perceber a outra. Prever problemas, para antecipar soluções. Mais do que uma mera reacção ao jogo, é uma acção reactiva previamente pensada. Adaptando o teatro ao futebol, o melhor improviso táctico é o preparado com tempo.

O Benfica voltou às vitórias e, sobretudo, ao bom futebol, em Inglaterra, frente ao Everton. A explicação está na origem. Em perceber a equipa e ler o adversário. Tudo poucos dias depois da derrota de Braga. Um jogo que foi muito mais do que dois minutos, onde, ora surgiu um "remate-bomba" ao ângulo, golo, e outro que ia para a baliza mas o árbitro viu antes uma falta.

A reformulação da linha defensiva encarnada na relva europeia, com David Luiz a ocupar a "casa táctica" de lateral-esquerdo, ainda meio desarrumada, como a deixou Fábio Coentrão, o seu "inquilino acidental" de Braga, enquanto Sidney morava no centro da defesa, devolvendo o equilíbrio e a segurança à equipa. Isto é, tacticamente falando: defender bem para atacar melhor.

Uma equipa são onze jogadores, mas há posições que, mal ocupadas (e, depois, com dinâmicas erradas) condicionam todo o resto da equipa e quase ignoram o tipo de adversários que anda pelo mesmo espaço.

Depois de Braga, a sensibilidade táctica de Jesus resgatou a "racionalidade" em Inglaterra. E o bom futebol reapareceu. Com classe. Aquele que se traduz em chegar a um ambiente adverso, o adversário a querer atacar num ritmo veloz, e a outra equipa a encolher os ombros, a pegar na bola, pondo-a no chão, baixando o ritmo e circulando-a pelo campo, para, depois, acelerar no ataque.

Tudo isto nunca depende de uma bola no poste, de um apito quando a bola vai no ar, de um golo improvável do adversário. Depende das grandes competências. Em 90 minutos.

Toques de qualidade
As jornadas de Outubro não alteraram as tendências do campeonato. O Braga continua insolente, mas a perda de pontos do FC Porto e Benfica foram os sinais mais fortes no sentido de nenhum dos grandes poder adormecer na frente. Entretanto, a "depressão" leonina continua, apesar de Moutinho correr uma maratona em cada 90 minutos.

Olhando as equipas-revelação, detecta-se um bom médio no Rio Ave. Vítor Gomes tem 21 anos e joga muito bem, quer a recuperar a bola, quer a entregá-la ao ataque. Em Leiria, Pateiro tem um motor escondido dentro de si, tal a alta rotação defesa-ataque-defesa. Mas para se encontrar verdadeiro "perfume" o destino é a Madeira e Ruben Micael. A dúvida é saber em que "grande" jogará na próxima época, se não sair para o estrangeiro. No ataque, há uma revelação na Figueira, o franco-argelino Kerrouche. Não será um grande craque, mas move-se bem e surge no sítio certo para finalizar. Já leva 5 golos. E, numa equipa pequena, ninguém marca tantos golos por acaso. Tal como explica, em Vila do Conde, o eterno João Tomás...


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