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22 outubro 2009

Crónicas de Leonor Pinhão


Campeonato do Mundo e Arredores (… o desígnio nacional para 2018)

Por LEONOR PINHÃO in A Bola

RESPONSÁVEIS políticos aveirenses lançaram, na semana passada, um curioso mas não menos incómodo debate. Em causa está o novinho Estádio Municipal de Aveiro que custou 66 milhões de euros ao erário público e cuja manutenção anual custa 1 milhão de euros à cidade de Aveiro. O recinto, de acordo com as notícias dos jornais, serve de quinze em quinze dias para albergar os jogos do respeitável Beira-Mar, que milita numa divisão secundária, e que atrai às coloridas bancadas, com assentos individuais, impecáveis, pois claro, um número insuficiente de poucas centenas de espectadores.
O Estádio Municipal de Aveiro é um desastre do ponto de vista da sua exploração e rentabilidade. Sem embarcar em filosofias fadistas, muitas saudades devem ter os sócios e os adeptos do Beira-Mar do seu adorável Estádio Mário Duarte onde se aconchegaram, felizes, durante décadas para ver jogar a equipa do seu coração amarelo e negro.

Agora, ao que parece, não é a mesma coisa. O Beira-Mar já não luta com os grandes. E, depois de eliminar o Torres de Moncorvo, com uma robusta vitória por 4-0, resta-lhe desejar intensamente que o sorteio da próxima eliminatória da Taça de Portugal lhe coloque no caminho, e em casa, o Benfica, porque seria certa a receita que haveria de contribuir para o tão necessário apaziguamento da sua tesouraria.

Enquanto isso, os responsáveis políticos aveirenses equacionam publicamente a hipótese de demolir o estádio construído de raiz para o Euro 2004 tendo em conta que a obra feita «tem valores negativos e todos os anos acumula prejuízos», o que não espanta nada. Mesmo nada, francamente.

Cinco centenas de quilómetros a Sul, o Estádio do Algarve não deve apresentar uma folha de serviços mais alegre. Muito bem fizeram os responsáveis do Olhanense em mandar às malvas os moralistas da moral dos outros que lhe exigiam que, agora que regressaram à divisão maior, passassem a jogar, de quinze em quinze dias, em nome da «rentabilização do investimento», no monstro desalmado que custou uma fortuna e não serve para nada.

E que bem se sentem (e se sentam), de quinze em quinze dias, os sócios e adeptos do Olhanense no seu velhinho e adorado Estádio José Arcanjo!

No entanto, é bem provável que os responsáveis olhanenses, precisamente por serem de Olhão e verem mais do que os outros, decidam por unanimidade que, quando lhes calhar a vez de receber o Benfica para a I Liga, o Estádio do Algarve seria o palco ideal. Dirão os adversários directos do Benfica que a coisa cheira a esturro, mas não cheira nada. É a economia, estúpidos!

Na mesma semana em que a implosão do Estádio de Aveiro veio à baila, os serviços noticiosos mundiais deram conta da apresentação, perante a FIFA, das candidaturas dos países que pretendem organizar o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018. Pois lá estamos nós, outra vez, desta vez concertados com a nossa vizinha Espanha, a chegarmo-nos à frente na ânsia, na demanda do desígnio ibérico — raios o partam! — de levar de vencida as candidaturas concorrentes e podermos receber, em 2018, a festa maior do futebol.

E se a dupla candidatura ibérica levar de vencida as suas concorrentes, podemos ter a certeza de que, em 2018, será disputado, pela primeira vez no historial da prova, um Campeonato do Mundo e Arredores de Futebol. Está-se mesmo a ver onde ficam os arredores da Ibéria…

O pessoal de Aveiro, no entanto, ficou abananado com uma coisa destas.

— Então, como é que é? Mandamos o estádio abaixo ou não?

— Pois não sei. Até 2018 ainda faltam nove anos…

— O melhor, se calhar, seria mandarmos o estádio abaixo já este ano e começarmos a pensar em construir um estádio novo…

— Um estádio novo?

— Sim, para o Mundial de 2018!

— E onde é que o vamos construir?

— Nos arredores do estádio que vamos demolir?

— Eh, pá, no mesmo sítio e ainda se aproveitam as casas de banho.

Vamos lá, Portugal! Há que despachar todas essas decisões. A FIFA exige à candidatura ibérica que entregue os formulários preenchidos até 16 de Março. E desta vez não pode haver derrapagens.

Bom, enfim, derrapagens são coisas que sempre acontecem… e derrapagens até 2018 constituem uma grande expectativa.

CRISTIANO RONALDO é o melhor jogador português da actualidade e um dos melhores do mundo. Um dos melhores do mundo e arredores, como se costuma dizer quando se quer enfatizar uma dimensão. O problema de Cristiano Ronaldo não é concorrer anualmente para ser o melhor do mundo. Ainda este ano, transferiu-se do Manchester United para o Real Madrid e assim que se equipou todo de branco desatou logo a marcar golos na Liga espanhola e na Liga dos Campeões.

O problema de Cristiano Ronaldo não é o mundo. O problema são, precisamente, os arredores onde nasceu. Ao serviço da Selecção portuguesa, Ronaldo nunca conseguiu sequer aproximar-se do nível de preponderância e eficácia que Luís Figo, para quem o mundo e os arredores nunca foram problema, emprestou à camisola das bonitas quinas durante anos a fio.

Atenção que a culpa não é de Cristiano Ronaldo que não se esforça menos ao serviço da Selecção do que ao serviço dos poderosos emblemas dos clubes que o contratam. A culpa é dos tais arredores que olham para o seu compatriota com um espírito basbaque, com um orgulho a dar para o saloio perante a celebridade hollywoodesca em que se transformou, exigindo-lhe proezas a cada momento numa espécie de cimeira nativa por Cristiano Ronaldo ser, agora, um cidadão muito mais do mundo do que dos arredores que o viram nascer.

Por tudo isto, foram muito felizes Carlos Queiroz e a Selecção Nacional, nos seus últimos e desesperados jogos, ao não poderem contar com Cristiano Ronaldo que tinha participado de forma mediana baixa nos primeiros e lamentáveis jogos de qualificação para a África do Sul.

Seguem-se os jogos com a Bósnia e o ideal para as aspirações portuguesas seria que Cristiano Ronaldo prosseguisse, tranquilamente, a sua recuperação em Madrid. Se nos últimos dois jogos da Selecção alguma coisa se ganhou, para além do direito a disputar os play-offs, foi um espírito de grupo e uma comunhão com o público como há muito não se viam. E que bom resultado deram.

ONTEM, o FC Porto ficou aquém, muito aquém do Sporting. Mais precisamente ficou 15 golos aquém. Em 1963/64, o Sporting aviou o APOEL, em Alvalade, com um resultado algo exagerado de 16-1 e ontem, no Dragão, o FC Porto limitou-se a uma vantagem tangencial por 2-1. Sendo verdade que, ontem, o golo do APOEL foi marcado por um jogador do FC Porto na própria baliza. O azarento foi Álvaro Pereira, jogador uruguaio descoberto pelo Benfica e contratado pelo FC Porto. Mas, nesta ocasião, não houve nada que desse vontade de agradecer…

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