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11 outubro 2009

Crónicas de Leonor Pinhão

Olha, lá estão eles a compensar…

Por LEONOR PINHÃO in A Bola a 1 de Outubro

AS leis do futebol não são muitas e qualquer criança as conhece de cor. Em Portugal, regra geral, admite-se erradamente a existência de uma lei suplementar a observar pelas equipas de arbitragem. Trata-se da lei da compensação que permite compensar um erro com um outro erro e isto numa sucessão de erros e de compensações sem fim que em nada favorecem a verdade desportiva e a dignidade do espectáculo.
— Olha, lá está ele a compensar… — é uma frase que se ouve mil vezes nos nossos campos de futebol sendo que ele é o árbitro da partida e o clube compensado é o que foi prejudicado por uma decisão anterior.

Tomemos Duarte Gomes por exemplo. Num célebre Benfica-Sporting, que foi o último derby no velho Estádio da Luz, duas decisões suas nos instantes finais da partida permitiram que o Sporting, que se encontrava a perder por 0-2, acabasse por empatar o jogo e, daí, embalasse para o título. Naturalmente, os benfiquistas ficaram desolados com Duarte Gomes, passaram-no a olhar de esguelha e ficaram à espera de ver o que faria o árbitro na oportunidade seguinte, num próximo reencontro escaldante.

E fez. Fez de tal maneira que conseguiu provar que, no futebol português, nem a lei da compensação é para levar a sério. O reencontro escaldante entre Duarte Gomes e o Benfica aconteceu no relvado da Amadora, por ocasião de uma eliminatória da primeira edição da Taça da Liga.

Corria o Benfica o risco de ser eliminado, o relógio marcava 90 minutos e o resultado era de 1-0 favorável aos donos da casa quando o árbitro que tanto nos tinha prejudicado no jogo importantíssimo com o Sporting, para o campeonato, conseguiu descortinar uma grande penalidade a favor do Benfica, mas uma grande penalidade tão mal descortinada que até os benfiquistas se atiraram ao chão de tanto rir.

— Pronto, já fomos compensados…

— E que categoria de compensação…

Estavam profundamente enganados os benfiquistas porque a situação ainda piorou bastante, o que era difícil de prever. É que o inaudito aconteceu. Coisa nunca vista! No site da Liga, o árbitro Duarte Gomes veio a público «reconhecer que houve um claro erro de arbitragem» e «por isso, sem rodeios» apresentou as suas desculpas» por ter beneficiado o Benfica.

Nunca mais vimos árbitros a pedir desculpa e a reconhecer erros, de forma tão oficial e pomposa o que pode levar a crer que a lei da compensação, afinal, tem as suas perversidades teóricas e práticas.

Os mais pragmáticos avançam mesmo que, no futebol português, a lei da compensação é uma fraude, é um deitar de areia para os olhos, porque só assim se explica que o FC Porto tenha levado de vencida 32 títulos em 23 épocas, enquanto ao Benfica e ao Sporting só calharam umas migalhitas do grande bolo. Ou seja, a coisa está muito descompensada como é fácil de constatar.

Nesta semana em que tomámos todos conhecimento, pela voz autorizada de um ex-presidente do Sporting, que o presidente dos árbitros portugueses e seu nomeador, é sócio do Sporting e que devia ser expulso dessa condição por maus serviços prestados ao emblema, dão que pensar os últimos acontecimentos do corrente campeonato. Os últimos e, já agora, os próximos…

O Sporting protestou contra a nomeação de Duarte Gomes para o clássico do Porto por via de ter, num capítulo recente, um desaguisado com o referido árbitro que se travou de razões com um funcionário leonino em pleno relvado de Alvalade.

De acordo com os que defendem a existência oculta de uma lei das compensações, a nomeação de Duarte Gomes para o jogo do Dragão obedecia a um destes dois critérios:

a) — Pronto, vai lá e façam as pazes! — ordenou Vítor Pereira enquanto olhava embevecido para o seu cartão de sócio do Sporting.

b) - Pronto, vai lá e ponham uma pedra em cima do assunto! — comandou Vítor Pereira enquanto, embevecido, guardava na carteira o seu cartão de sócio do Sporting.

Aconteceu precisamente o contrário. Provando a falibilidade da lei da compensação, o Sporting saiu de campo com menos dois jogadores do que tinha entrado e muito mais zangado com Duarte Gomes do que tinha entrado, o que era difícil mas acabou por se verificar.

E agora? Como se compensa uma situação destas?

Pronto, pronto. Está resolvido. E lá vai o Carlos Xistra apitar o Sporting-Belenenses.

DEFENDENDO os interesses do Benfica, é fundamental que Vítor Pereira deixe de ser sócio do Sporting. Isto para impedir que um dia destes, a propósito de qualquer compensação descompensada, venham os altos responsáveis do Sporting acusar Vítor Pereira e Luís Filipe Vieira de serem sócios do mesmo clube e agentes infiltrados…

OBenfica vai jogar em Paços de Ferreira sem Pablo Aimar e logo se verá o que acontece. Na próxima segunda-feira, o Benfica também vai jogar sem Angel Di María e sem Maxi Pereira mas aí são poucas as preocupações e as dúvidas. Fábio Coentrão e Ruben Amorim provaram várias vezes neste arranque de temporada que são suficientemente capazes nas responsabilidades que lhes competem.

Jesus já se deu ao luxo de deixar Aimar de fora no jogo com o Bate Borisov, na Luz, e é verdade que a carruagem não perdeu o seu andamento. Agora são outras as razões. É Maradona quem nos rouba o maestro para, depois de uma longa e penosa saga, o devolver a uma selecção argentina com o apuramento para o Mundial de 2010 em inesperado risco. Cabe a Pablo Aimar salvar a Argentina de uma humilhação sem par e cabe-lhe também salvar a cabeça do seleccionador. É muita responsabilidade para um homem só.

Aimar vive um momento de sonho na sua carreira. Numa entrevista ao diário argentino Ole!, o jogador confessa que «já lá vai o tempo em que pensava dez vezes antes de fazer um pique». O seu ressurgimento em plenitude é um caso de estudo e não espanta que Diego Armando Maradona, que uma vez o nomeou como o seu legítimo sucessor, tenha fé que o milagre da qualificação argentina passa por um outro milagre: o da recuperação de Pablo Aimar e logo no Estádio da Luz, cujos serviços clínicos nos habituámos a ver ao longo de anos ser impiedosamente postos em causa.

Lá vai o Benfica perder o seu número 10 por um par de semanas. E é com um misto de orgulho e de preocupação que o vemos embarcar para a América do Sul. Como voltará? Cansado, certamente… Pablito Aimar compensou-nos desta sua ausência com palavras doces proferidas a um jornal de Buenos Aires: «Vocês não têm a noção da grandeza do Benfica».

Esta, sim, é uma compensação adorável. Um rebuçado honesto.

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