A 'perfeição' que quase acontecia
Por Luís Freitas Lobo in A Bola
A busca pela perfeição é a utopia mais aconselhável para uma equipa de futebol. Nunca será alcançada mas é a melhor forma para preparar um jogo. O passe diagonal de Aimar, rasgando a estrutura defensiva do onze do Nacional, a desmarcação e o centro de Fabio Coentrão, o remate de Cardozo. Tudo em apenas três toques. A construção do primeiro golo do Benfica frente ao Nacional tem, nesses gestos, a moldura da perfeição futebolística. Mas um jogo, 90 minutos, é, claro, uma série de ameaças a esse estado celestial constante. Um passe falhado, um penalty, um erro de posicionamento, um fora de jogo.
A busca por essa perfeição possível varia, no entanto, conforme a visão particular de cada treinador. André Villas Boas estreou-se como treinador principal com a sua Académica no Dragão. Fez um bom jogo. No final, apesar da derrota, falou que a equipa dera boas indicações de disciplina e que para melhorar é necessário trabalhar a «construção da organização». Manuel Fernandes estreou-se no banco do Vitória Setúbal contra o Leixões. Fez um bom jogo. No final, apesar da vitória tangencial, falou que gostara do que vira, mas que a equipa precisa de melhorar fisicamente, para correr ainda mais durante maior parte do tempo.
Dois treinadores, duas formas de ver e começar a pensar o jogo. A «organização» ou a «corrida». Não se trata de conflito de gerações. Trata-se de diferentes prismas ideológicos. É o primado da organização que, depois, dá critério aos índices físicos e, claro, ao correr ainda mais. Porque é muito mais difícil aguentar 90 minutos a concentração táctica do que o jogo todo a correr. É a junção desses elementos, encurtando espaços sem bola e aumentando-os em posse que, em campo, podem dar à equipa verdadeira qualidade de vida e não apenas atitude e instinto de sobrevivência.
A velocidade tem, por si só, um prestígio exagerado no futebol actual. É uma boa reflexão para voltar à perfeição de muitos momentos do actual jogar benfiquista. Porque a ela está ligada, antes, a ORGANIZAÇÃO. Nesse jogo de momentos, a força do Benfica mais do que nas transições, está nos momentos de organização. Isto é, quando entra no contra-ataque, o momento de jogo que mais tende a ser confundido com a transição ao ponto de ser comum dizer-se que a equipa fez «uma excelente transição rápida». Na maioria das vezes, não é bem assim. Feita a recuperação, o primeiro passe de transição defesa-ataque é feito em segurança, em geral curto (e de primeira instância, para o colega mais perto) e depois quando acelera já está noutro momento de jogo, a organização ofensiva de que faz parte o contra-ataque (a transição nasceu e extinguiu-se no tal passe). Embora Jesus goste, no seu discurso futebolístico, de misturar estes dois momentos (transição rápida-contra ataque) o mérito em campo, deste Benfica, é nunca os confundir. E, assim, provar como, na relva, os verdadeiros mestres da táctica são os… jogadores. Como explicaram, nesse primeiro golo perfeito, Aimar, Coentrão e Cardozo.
ATAQUE À LIDERANÇA
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Trubin, Bah, Araújo, A.Silva, Carreras, Florentino, Aursnes, Kokçu, Di
Maria, Amdouni e Akturkoglu.
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