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10 agosto 2009

Entrevista a César Peixoto no Jornal "A Bola"


O esquerdino contratado ao Sp. Braga concedeu a A Bola a primeira entrevista após a assinatura de contrato. E esclareceu alguns pontos complexos do processo: confirma que perdeu dinheiro para poder jogar no Benfica e confirma, igualmente, a posição complicada dos bracarenses. Não sabe se o FC Porto ajudou a complicar, mas desconfia...


— Chegou a duvidar que a mudança para o Benfica se concretizasse, atendendo aos problemas em torno do processo?
— A certa altura sim, porque as pessoas falharam com a sua palavra. Venderam-me, falaram inclusivamente comigo, chamaram-me para me dizerem que estava tudo acordado por 250 mil euros... Passaram-se dois ou três dias e não me disseram mais nada. Falharam com a palavra, fiquei um pouco triste e ansioso porque pensei que as coisas pudessem correr mal e perder a oportunidade única na vida de vir para um clube como o Benfica.

— O presidente do Sp. Braga, António Salvador, parecia, a determinada altura, não querer deixar que o negócio se concretizasse. Como analisa essa questão?
— É um pouco estranho. Surgiu o interesse do Benfica e eu quis a todo o custo vir para cá, um clube enorme e que gostava de representar. À partida fizeram a venda do passe, acordaram tudo com o Benfica e comigo, e falharam com a palavra e isso foi um pouco... A palavra vale mais do que mil assinaturas e foi um pouco complicado, porque na situação em que eu estava, e com a proposta do Benfica, as coisas eram muito boas para mim e também para o Sp. Braga. Quando as pessoas aceitam as coisas e depois falham é feio e custou-me muito, pois não dependia só de mim para poder finalizar o acordo. Foram dias muito complicados.

— É verdade que perdeu dinheiro para que o negócio se fizesse? Cerca de 150 mil euros?
— Sim, perdi algum dinheiro, tive de abdicar da percentagem do meu passe, 10 por cento, e a Gestifute tinha também a sua percentagem. Tínhamos 50 por cento do passe e tivemos de abdicar da nossa percentagem para que eu pudesse estar aqui e assinar contrato com o Benfica. Tudo isto por causa das dificuldades que as pessoas do Sp. Braga levantaram para o negócio.

— A relação entre o Sp. Braga e o FC Porto condicionou o negócio ou considera que não teve qualquer influência nas complicações que surgiram? Foi apenas intransigência do presidente do Sp. Braga?
— Sinceramente, considero um pouco estranho o facto de as pessoas terem acordado as coisas e no dia seguinte mudarem radicalmente de opinião. Mudarem o acordo. Não quero dizer directamente que haja dedo de outras pessoas, mas isso surpreendeu-me, não posso deixar de o dizer. Falei com o presidente do Sp. Braga e ele dizia que se sentia enganado, mas as pessoas do Benfica foram sempre transparentes com o Sp. Braga e eu também, nas conversas que tive com eles. No dia seguinte, quando me disseram que recusavam as coisas, depois de as terem acordado, fiquei um pouco céptico e pensei que poderia haver ali o dedo de outras pessoas.

— Como é que viveu estes dias antes de tudo se resolver? Não viajou com o Sp. Braga para a Suécia, as coisas complicaram-se para si...
— Com um pouco de angústia e tristeza, pois o assunto podia ter sido resolvido mais facilmente, de forma mais clara. Poderia ter saído com melhor relação e imagem do Sp. Braga, clube em que passei dois anos fantásticos. Tenho também boa memória das pessoas e quero agradecer ao staff do Sp. Braga e a todas as pessoas que me apoiaram, mas foram noites em que me custou dormir, pois as pessoas assumiram comigo um compromisso e depois falharam. O senhor Carlos Freitas falou comigo no final de um treino e comunicou-me que tudo estava acordado e depois falharam e a mim isso entristece-me, em virtude do que fiz pelo clube, pelos dois anos que lá estive, pela boa época que fizemos. Foi com enorme tristeza que assisti a esta novela em redor da minha transferência.

— Como se processou o interesse do Sporting na sua contratação? Recusou, de facto, o convite do clube de Alvalade?
— Surgiu a proposta do Sporting, mas depois soube do interesse do Benfica e era para aqui que eu queria vir, para este clube. Decidi então vir para cá e recusei o Sporting. Fico grato pelo interesse manifestado pelas pessoas do Sporting, mas queria mesmo vir para o Benfica.

— Mas, afinal, o que influenciou a sua decisão? Questões financeiras, o clube propriamente dito, o treinador Jorge Jesus? O que o fez escolher o Benfica em detrimento do Sporting?
— O projecto em si, o clube, o facto do mister Jorge Jesus ter trabalhado comigo na época anterior, tudo se conjugou numa série de factores que me levou a escolher o Benfica. O próprio clube, o Benfica... é o maior clube português e só isso chega para decidir.

— Motiva, seguramente, algum orgulho, mesmo não se concretizando a saída para Alvalade. Nem todos os jogadores podem gabar-se de ser pretendidos por dois clubes grandes na mesma época.
— É, de facto, sempre um orgulho para mim. Trabalhamos no dia-a-dia para mostrar o nosso valor, as nossas qualidades, e é sempre bom saber que temos pessoas muito atentas àquilo que andamos a fazer e que gostam do nosso futebol. Agradeço, por isso, às pessoas do Sporting, mas vim para o Benfica e estou orgulhoso por representar este clube.

O processo de transferência já terminou, finalmente, mas foi muito difícil. Não obstante, e porque acabou em bem, considera-se um homem realmente feliz?
— Como é óbvio, sim. É com enorme orgulho que venho para este grande clube e estou extremamente feliz, depois de algumas semanas de angústia, pelo processo em si, que foi um pouco demorado e doloroso. Mas estou extremamente feliz e cheguei onde queria chegar.

— Pode dizer-se que é o contrato da sua vida?
— Sim, vivo um dia de cada vez, mas este é o mais recente contrato que assinei e, por isso, é o contrato da minha vida, que me fará dar o melhor de mim e tentar mostrar todo o meu valor. Penso, no entanto, que nada tenho a provar. Apenas tenho de mostrar o meu valor, conseguir boas exibições e os títulos que tanto ambiciono. O clube tem de os ganhar e venho para ajudar.

— Jorge Jesus é o treinador do Benfica mas trabalhou com ele em Braga, foi decisivo para a sua vinda para a Luz?
— Sim, obviamente, gosto muito de trabalhar com ele. Conhece perfeitamente as minhas qualidades e fizemos uma época maravilhosa no ano passado, conseguimos grandes exibições. Contribuiu, é verdade, mas também a grandeza do clube e o orgulho de jogar no Benfica. Mas o mister tem, efectivamente, muito a ver com a minha vinda para o Benfica.

— O seu pé esquerdo faz falta ao Benfica?
— [risos] Como já disse, venho para ajudar o Benfica, para ser apenas mais um elemento. E todos juntos podemos realmente fazer uma grande equipa e uma grande época. Espero que o meu pé esquerdo ajude também, aqui ou ali, num jogo ou noutro, a conseguir os melhores resultados.

— Que opinião tem dos colegas que vai encontrar naquela que será, em princípio, a sua posição inicial, a de lateral-esquerdo? Shaffer, um reforço contratado na Argentina, e David Luiz, defesa brasileiro, normalmente utilizado como central mas que foi titular no jogo com o Milan?
— São dois bons jogadores. Aliás, se não tivessem valor não estariam no Benfica, pois só entra neste clube quem tem esse valor. A concorrência, no entanto, é sempre saudável, sai toda a gente a ganhar. Sai o grupo de trabalho, sai o clube, e isso é o mais importante, que todos sejam profissionais e trabalhem a 100 por cento para ajudar, uma vez que é esta instituição que nos paga e que representamos.

— Ser o jogador que fecha o plantel é, de alguma forma, especial?
— Não, não... Especial é estar cá, depois da confusão que foi todo o processo da minha transferência. Tem até um gosto mais especial por isso.

— Que lhe pareceu o jogo com o Milan?
— Foi um bom jogo, de duas grandes equipas europeias, e o Benfica provou mais uma vez que tem uma grande equipa, que está num bom momento, que tem grandes jogadores e pode fazer uma época bonita.

— Como acompanhou, ainda enquanto jogador do Sp. Braga, esta pré-temporada do Benfica? Maioritariamente dominada por vitórias e conquista de troféus. A equipa está, de facto, mais forte, mais poderosa?
— O Benfica está realmente mais forte, os jogadores conhecem todos os processos de que a equipa necessita, toda a gente sabe o que anda a fazer no campo, é uma verdadeira equipa. Existe um enorme espírito de grupo, uma enorme entreajuda dentro de campo e eu espero que as coisas corram sempre pelo melhor.

— Que equipa lhe parece ser neste momento o mais forte candidato ao título?
— Neste momento é muito prematuro dizer, há sempre os três grandes, os habituais. O FC Porto é o campeão em título, mas o Benfica está muito forte e vai lutar pelo título até ao fim. E penso que vamos consegui-lo.

— O treinador do Sp. Braga, Domingos Paciência, fez algumas considerações negativas em relação ao trabalho de Jorge Jesus na época passada ao serviço do Sp. Braga, referindo que a equipa não esteve ao nível que a sua qualidade exigia. Que poderia ter feito mais. Que lhe parecem estas declarações?
— Não concordo de todo, pois o Sp. Braga da época passada foi das equipas em Portugal que melhor futebol praticou e conseguimos, inclusivamente, um título internacional, a Taça Intertoto, na qual estavam bastantes equipas em jogo. Na Taça UEFA fizemos igualmente uma excelente campanha. Realizámos uma boa época, feliz, e se calhar até poderíamos ter estado um pouco mais acima na classificação do campeonato ou mesmo na Taça de Portugal, mas daí a dizer-se que foi uma má época não concordo de todo.

— Que desejos tem, pessoalmente e para o clube, nesta primeira temporada no Benfica?
— Ser feliz, poder jogar, fazer o que mais gosto, ainda por cima actuando num clube como o Benfica. Ajudar com aquilo que sei fazer e ser campeão nacional. Há o Campeonato, mas também a Liga Europa, enfim, muitos jogos para vencer e espero que este ano o Benfica volte a ser campeão. O clube quer títulos e eu quero ajudar a conquistá-los.

— Pode considerar-se que o Benfica é o maior desafio da sua carreira?
— Um grupo que tem este nível e um clube com esta exigência tenta ganhar tudo. Estou cá para isso.

— Como se encontra em termos físicos?
— Estou bem, não tenho qualquer problema relacionado com lesões. Fisicamente estou em condições, embora com esta confusão toda em torno da transferência tenha estado a treinar-me à parte e não esteja a 100 por cento, ao mesmo ritmo dos meus companheiros do Benfica, porque eles fizeram vários jogos durante a pré-época, têm outro ritmo, e eu só fiz 45 minutos de um jogo com o Portimonense. Estou, por isso, um pouco atrasado em relação a eles, mas garanto que vou trabalhar para conseguir apanhar o ritmo dos meus colegas.

— À segunda jornada do campeonato considera que já estará bem para poder lutar pela titularidade?
— Sim, venho para ajudar e tentar jogar, mas o mais importante é o grupo de trabalho e o Benfica. Com esta confusão toda, a treinar-me à parte, sozinho, e com o ânimo que também não era o melhor, atrasei-me, mas rapidamente conseguirei adquirir a forma física para poder jogar.

— Tudo isto parece tê-lo prejudicado um pouco. Preocupa-o o facto de não ter realizado uma pré-temporada dentro dos moldes habituais?
— Sabemos que a pré-época é sempre muito importante, que é uma base para o resto da época, mas fui também trabalhando e não me preocupa demasiado, uma vez que conheço a minha qualidade e trabalhando com aplicação estarei rapidamente ao meu nível.

— O calvário das lesões que o perseguiu durante anos acabou mesmo?
— Sim, estou há dois anos a jogar, em duas épocas fiz cerca de 70 jogos, na época passada uns 40, sempre sem qualquer lesão. Graças a Deus já vai longe o mau tempo das lesões, que me assolou durante metade da minha carreira. Como costumo dizer aos meus amigos, agora já nada me pega, já tive tudo, não terei, se Deus quiser, mais nenhuma lesão até ao fim da minha carreira.



Em Lisboa, com o Rodrigo

Diana Chaves, como é público, é namorada de César Peixoto, mas a mudança para a capital permite, sobretudo, passar mais tempo com o seu mais que tudo: «A vinda para Lisboa tudo facilita. Não só pela relação que tenho com a Diana, mas mais até pelo meu filho, o Rodrigo, pois estou mais perto dele e fico mais feliz, porque é a pessoa que mais amo. Estar próximo é o mais importante.»

Gosta do 21 mas é de Nuno

Não tem grandes preferências, mas afeiçoou-se ao 21, número que usava em Braga, mas que na Luz é só de... Nuno Gomes: «Ainda não decidi com que número irei jogar. Gosto do 21, é aquele que tinha no Sp. Braga, mas é do Nuno. [risos]. Não tenho critérios, por isso qualquer um serve.»

Jarque, um grande colega

Jogou uma temporada no Espanhol e, por isso, ficou chocado com a morte de Jarque. «Foi uma surpresa triste, era um excelente companheiro, uma excelente pessoa, das pessoas com quem mais conversava no Espanhol. Era um dos capitães e ajudou-me muito na adaptação. É uma pena, mas a vida é assim», concluiu.

Coleccionador de filmes

Gosta de jogar consola e ver filmes, mas mais em casa: «Tenho imensos, passo a vida a vê-los. O filme da minha vida talvez seja o Braveheart, um filme muito giro, de coragem. Mas gosto também de brincar com o meu filho, namorar, jogar Playstation com os amigos... Pro Evolution Soccer!»

Um negócio que correu mal

Pediu-nos, amavelmente, desculpa, mas disse que não queria estender-se sobre o assunto. César esteve envolvido num mau negócio com outra pessoa e terá perdido cerca de 400 mil euros, conforme foi publicamente veiculado: «São questões pessoais que não quero comentar. Tive problemas, de facto, mas são coisas nossas e temos de resolvê-las. Temos de levantar a cabeça... nada mais.»

Regressar à Selecção Nacional é objectivo

César Peixoto rendeu Maniche no desastroso encontro realizado pela Selecção Nacional no Estádio do Bezerrão, no Brasil, frente à canarinha, mas nem por isso ficou traumatizado. Afinal, pouca ou nenhuma responsabilidade teve na derrota lusitana por 2-6. Agora, com a oportunidade de jogar pelo Benfica, volta a sonhar com a possibilidade de representar novamente a equipa portuguesa, que ainda discute a fase de apuramento para o Campeonato do Mundo de 2010, na África do Sul: «No ano passado tive o prazer e o orgulho de representar a nossa Selecção Nacional, de ser internacional A pela primeira vez e até estava pré-convocado para este jogo [Liechtenstein], mas acabei por não ficar na lista final. Obviamente, regressar é um objectivo que tenho no horizonte. Ser chamado mais vezes para representar a Selecção.»

Domingo foi de folga para jogadores e treinadores, mas não para os dirigentes do Benfica, pelo menos alguns, aqueles que tiveram de ir ao Estádio da Luz para acompanharem a assinatura de contrato de César Peixoto. No entanto, não era um bom dia para apresentar oficialmente o novo reforço, em princípio o último, do plantel dirigido por Jorge Jesus. A cerimónia deve acontecer, isso sim, esta tarde, se bem que o Benfica não tenha divulgado formalmente a hora da apresentação do futebolista.
De qualquer forma, lá estarão, certamente, Rui Costa, como tem sido habitual; Juan Bernabé e a sua águia Vitória, mas também um cartão de sócio e uma camisola do Benfica à espera do jogador, que deve levar para o currículo o rótulo de último reforço do Benfica para a temporada 2009/2010. Se não sair ninguém do grupo, claro está.

Perfil

Do Berço até... dar à Luz

César Peixoto é um homem simples, que cresceu tranquilamente no berço do País, Guimarães, e fez um percurso invejável, subindo a pulso desde um modesto clube de III Divisão até ao FC Porto e ao Benfica, com uma aventura internacional pelo meio. Na primeira pessoa, revelou origens e alguns pontos altos e baixos da sua carreira: «Nasci em Guimarães, numa clínica em frente ao Estádio do Vitória, pois o Hospital estava em obras e todos os partos eram para ali transferidos. Cresci na cidade vimaranense e joguei nas camadas jovens do Vitória de Guimarães dos 11 aos 18 anos. Depois estive dois anos no caçadores das Taipas e fomos campeões da III divisão. De lá saí para o Belenenses, um ano, e mudei-me então para o FC Porto, onde estive vários anos. Fui três meses para Guimarães, regressei ao FC Porto, e depois outro ano para o Espanhol, também por empréstimo. Tive azar, pois estava a recuperar de uma leão, fui para lá no final da recuperação e não consegui jogar. Fiz apenas 20 minutos de um jogo particular. Mas Barcelona é uma cidade excelente, onde adorei viver, mas infelizmente as coisas não se proporcionaram e não consegui jogar. Fui para Braga, onde estive dois anos. Agora o Benfica.»César, refira-se, foi casado com a modelo e apresentadora Isabel Figueiras, de quem tem um filho, Rodrigo.

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