Neste blog utilizo textos e imagens retiradas de diversos sites na web. Se os seus autores tiverem alguma objecção, por favor contactem-me, e retirarei o(s) texto(s) e a(s) imagem(ns) em questão.

23 julho 2009

Crónicas de Leonor Pinhão

Ramires e a consciência de classe
(ou até na pré-época somos… prejudicados)

Por Leonor Pinhão in A Bola

Chegou Ramires a Lisboa e disse: «Sou um operário.» Ramires não é mentiroso. Foi justamente essa a virtualidade que o seu futebol nos transmitiu nos jogos finais da Taça Libertadores e no seu percurso ao serviço do escrete na Taça das Confederações. A qualidade operária no futebol de alto nível não é, no entanto, uma coisa rara.

As grandes equipas sempre tiveram e têm os seus carregadores de pianos, elucidativa metáfora musical, logo a atirar para o chique, e que mais não descreve do que a necessidade de num colectivo de artistas haver gente que trabalhe, e de preferência muito. Se a qualidade em si não é rara, já é raro o orgulho com que é proclamada pelos próprios operários.

Chama-se a isto consciência de classe. E é sempre de louvar.

Ramires tem com o Benfica um contrato de cinco anos para provar que é um operário. Ou, melhor, que continua a ser um operário. Nos seus primeiros tempos como futebolista, Ramires trabalhava das sete da manhã às quatro da tarde como servente de pedreiro nas obras e às cinco da tarde calçava as chuteiras e ia treinar com a rapaziada do Royal. «Um dos meus amigos, o Gilvan, dizia que eu devia correr atrás da bola como se fosse um prato de comida e até hoje penso da mesma maneira», disse Ramires recentemente, numa entrevista, depois de ser pública a sua transferência para o futebol europeu. Tudo isto são boas notícias, como devem compreender.

Há quem compare Ramires a Valdo. Ramires diz que nunca viu jogar Valdo e que, portanto, não pode ter opinião sobre o assunto embora se sinta honrado com a distinção, como lhe compete.

Valdo foi do melhor que o Benfica teve e já lá vão vinte anos.

Valdo tinha um jeito de destruir o jogo dos adversários, ripando-lhes a bola sem eles darem por isso, e de construir o jogo da sua equipa, transportando-a para a frente como se fosse a coisa mais fácil deste mundo. Voltando à velha metáfora, Valdo não só era um carregador de pianos como era o próprio piano, e que piano!

Enfim, uma conjugação rara de trabalho operário e de talento. E o jeito que nos deu, se bem se lembram.

Posto isto, boa sorte Ramires. E viva a classe operária!

O grande Mozer comunga deste espírito. Ele, que foi uma vedeta-operária, não suporta vedetas-vedetas. As previsões de Mozer para a época de 2009/2010 do Real Madrid são catastróficas: «O treinador vai sofrer muito. O grupo treina-se a semana toda para no fim jogarem as estrelas que passaram a semana fora entregues às obrigações do marketing e da publicidade. Esses craques nunca poderão jogar na plenitude das suas faculdades. Serão titulares por imposição superior. Quando se entrar nessa espiral, o balneário agitar-se-á…»
Quem sabe, sabe. E Mozer sabe. Aliás, tudo o que José Mourinho sabe aprendeu com Mozer naqueles dois meses em que estiveram juntos no Benfica.
Passe o exagero, naturalmente…

Domingos Paciência, antigo jogador do FC Porto, o novo treinador do Sporting de Braga, não é um operário. Nunca foi, nem como jogador.
Como jogador também não foi um piano, foi antes uma concertina, um som melífluo, encantador, finíssimo e certeiro. Dava gosto vê-lo jogar. Pequenino e elegante, marcava muitos golos, jogava lindamente de cabeça.
Contudo como treinador — é essa hoje a sua profissão — faria bem em melhorar o jogo de cabeça. Isto se quiser subir de nível. De nível mental, obviamente.
Depois de ter feito um muito apreciável trabalho na Académica, onde deixou saudades, Domingos é o novo treinador do Sporting de Braga, onde Jorge Jesus, hoje treinador do Benfica, também deixou saudades. São coisas que acontecem às vezes no futebol. Treinadores que cumprem as ambições dos adeptos e que se vão embora de peito cheio e com o nome respeitado.
Domingos, que foi um jogador elegante, foi estranhamente muito deselegante com Jorge Jesus a quem sucedeu em Braga. E fica uma dúvida…
Quis Domingos agradar aos adeptos bracarenses com promessas tão escusadas quanto patetas ou quis Domingos agradar aos adeptos e aos maiorais do FC Porto, emblema de que Jorge Jesus é agora rival, quando disse, no princípio desta semana, que ficou «com a sensação de que na época passada o Sporting de Braga poderia ter feito muito mais em todas as competições»?
Vá lá saber-se… O Sporting de Braga apresentou-se aos seus adeptos na terça-feira e perdeu com os holandeses do Twente. De acordo com A BOLA foi uma «estreia decepcionante de uns bracarenses inseguros e irritadiços que até ouviram assobios». Também são coisas que acontecem sobretudo a quem se põe a jeito. Haja paciência.

«Nós só queremos o Benfica campeão», cantaram os adeptos benfiquistas em Vila Real de Santo António e no Estádio da Luz. Mas querer não é poder. É verdade que as bonitas triangulações Aimar-Saviola-Cardozo (e vice-versa) encantaram os benfiquistas nestes primeiros jogos de Verão mas não garantem nada mais do que o reavivar da esperança, o que sendo muito, é muito pouco.
Talvez dê para, depois de quatro anos em terceiro lugar no campeonato, chegar ao segundo lugar no dito campeonato. Porque o primeiro lugar vai continuar a ser inatingível. E o Benfica, apesar dos seus magos sul-americanos, não consegue ainda jogar mais do que os adversários e jogar mais do que as decisões dos árbitros.
É que até na pré-temporada somos, enfim, prejudicados. Na final do Torneio do Guadiana, o Olhanense abriu a contagem através de uma grande penalidade inventada e, anteontem, na Luz, o Atlético de Madrid chegou à vantagem através de uma grande penalidade inventada.
Contra o Olhanense ainda foi possível dar a volta, contra o Atlético de Madrid não houve maneira de o fazer.

Cardozo vem a marcar um golo por jogo que é o que se exige a um avançado de top. Aimar mostra-se recuperado das maleitas físicas. Saviola é um artista que é um regalo para os olhos. Mas a melhor surpresa desta pré-temporada é Fábio Coentrão. Pelo que joga, pela vontade de jogar, pelo modo como marca livres e cantos e, muito principalmente, pelo facto de obrigar Angelito Di María a carregar no pedal se quiser ser titular a cem por cento.

2 comentários:

tá aqui um blog fixe escrito por um candeeiro, um pilar greco-romano, e um koala (o koala é do sporting):

http://apitameessamerda.blogspot.com/

Nos últimos 20 anos o mundo mudou.

Mudou muito.

Como é natural o jornalismo seguiu o ar do tempo: as formas de noticiar sofreram as necessárias mutações.

Os dois vídeos que agora tenho prazer de partilhar convosco - escusam de agradecer, os amigos são mesmo para as ocasiões - ilustram na perfeição as grandes alterações entretanto verificadas.

Dois tempos distintos: duas formas de estar... servil e passivamente!

Há quase 20 anos, fazer jornalismo era visivelmente uma profissão de elevado risco, como as imagens bem documentam.

Não falo apenas dos dramáticos relatos, tragico-cómicos até, que o Artur Albarran nos fazia da Guerra do Golfo.

Um mero jogo de futebol que, no plano dos principíos, seria um momento lúdico e de distração, transformava-se por vezes num «teatro de guerra», questão tão ou mais espantosa por ainda serem desconhecidos, à época, os talentos de Fernando Madureira e demais apaniguados nestas artes.

Contudo as coisas mudaram.

Hoje o clima é bem mais afável e sereno.

É claro que por vezes acontecem aqueles percalços de, por exemplo, um dado fotografo ter a pesporrência de se atravessar à frente de um carro em andamento (colocando em evidente perigo, obviamente, os ocupantes da viatura) e, atropelado, ser deixado ao abandono (dizem-me que é crime e que o Ministério Público tem poderes para impulsionar o respectivo procedimento criminal, mas realisticamente há que considerar a hipótese, plausível, de a norte do país os senhores Procuradores não terem acesso a jornais, TV, internet, etc..., ficando desta forma perfeitamente justificado que nunca, jamais em tempo algum, qualquer deles, um deles que seja, teve conhecimento dos factos), mas isso são minudências sem importância alguma.

O que importa é que o paradigma de jornalismo mudou.

O que temos agora é, nem mais nem menos, que o servilismo servido em forma de notícia, como o segundo trecho de imagens atesta na perfeição.

Ainda há quem diga que a Manela Moura Guedes faz mau jornalismo e é demasiadamente agressiva, quando no fundo o que a ex-cantora pop faz, afinal de contas, mais não é do que mandar umas... bocas!

Mas adiante.

Se reparmos nas imagens de 2010, verificamos que o jornalista de agora não questiona, não pressiona, não colhe informação.

Benevolamente, o jornalista (parece que provindo desse baluarte da qualidade informativa chamado «Correio da Manhã») agora anota... e ri!...

Ri muito e anota (ou «a nota», que isto agora com o acordo ortográfico é muito complicado e o português é uma língua muito traiçoeira)!

E ri-mo-nos nós também...

Onde antes a entrevista era um momento de compreensível tensão, hoje parece a brincadeira de um infantário pré-escolar...

Vendo ambas as imagens que agora vos deixo, mal por mal, preferia os tempos de há 20 anos atrás...

É certo que o Paulo Martins e o Pedro Figueiredo levavam uns caldos com um ar estranhamente cirscunspecto.

Este «anotador» de agora, se levasse na mesma medida, riria seguramente de forma distendida, quiçá comprazendo-se deleitado.

Era bem menos dramático: e a audiência pelo menos divertia-se à brava!...

Ilustres amigos e amigas!...

Nos últimos 20 anos o mundo mudou.

Mudou muito.

Mas como dá para perceber pelo 'antes' e o 'agora', o comportamento abjecto, laxista, pactuante e execrável de algumas forças policiais, esse, mantêm-se absolutamente inalterado!

1991:
http://www.youtube.com/watch?v=-n4hC7RM8TM&feature=related


2010:
http://www.youtube.com/watch?v=CtmGmSCfk9A

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