Crónicas de António Barroso

Águia baila ao ritmo de Gardel

Entendimento entre Aimar e Saviola arranca aplausos. Cardozo promete muitos mais golos. Equipa acarinhada novamente por muitos adeptos presentes ontem no Seixal. Jogadores agradecem e retribuem

Por António Barroso in A Bola

ERA mágico o tango na voz do imortal Carlos Gardel, num registo comparável, talvez, apenas ao fado de Alfredo Marceneiro ou Amália.
E é sob o signo argentino, e ao ritmo do tango, que a águia promete encantar as plateias, com belos passos de dança por instinto. Disso mesmo deram prova, ontem, os velhos amigos e conhecidos Javier Saviola e Pablo Aimar. Se até há nove anos jogaram juntos no River Plate de Buenos Aires e a amizade de adolescência e forte ligação cimentou um futebol perfumado típico dos argentinos, o que ontem, pela manhã cerca de meio milhar de sócios testemunhou, no Seixal, foi uma amostra do quanto promete esta nova versão da águia. Após hora e meia de treino físico e táctico, o novo timoneiro deu 30 minutos de regalo a uma plateia que durante dez meses do ano (de Agosto a Maio), com Quique Flores ao leme, teve de contentar-se apenas com os jogos, e que aproveita, para, neste Julho balnear, trocar uma ida à praia pela primeira avaliação ao que pode a águia fazer na nova época. Durante o treino de conjunto, várias vezes Aimar solicitou o compatriota Saviola, muito mexido e com vontade de mostrar serviço com as suas inconfundíveis chuteiras azul vivo.

VÉNIAS DE ESPERANÇA Num cenário que sempre se renova a cada pré-temporada, é grande a empatia que tanto a equipa técnica como os jogadores estão a estabelecer com os adeptos. Os indefectíveis benfiquistas, se ontem não esgotaram as bancadas do Seixal, não deixaram de comparecer em peso. E muitos (os mais novos) por certo já não se lembrariam dos tempos em que a equipa, ao entrar em campo para um simples treino, se alinhava a meio-campo, com todos os jogadores perfiladinhos, fazendo... uma vénia para a bancada. Foi assim no primeiro treino da época, assim se repetiu ontem. Os aplausos e incentivos em resposta tiraram qualquer dúvida sobre quão grande é a esperança da águia em conseguir o êxito no projecto desportivo que Luís Filipe Vieira tanto preconizou para este próximo triénio na campanha eleitoral para uma votação que o sufragou como presidente por margem esmagadora. À saída, foram os jogadores a agradecer os aplausos que, durante duas horas, vieram da bancada. Levaram mais alguns como troco. A águia segue embalada num céu de sorrisos. Ou todos os sonhos não fossem legítimos nesta altura.

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