Por António Magalhães in Record
Ficou a saber-se que Helton, Fucile e Rodríguez vão escapar (para já) a um eventual castigo porque as imagens do túnel não podem ser usadas para o efeito caso não sejam sustentadas por um relatório oficial. Antigamente não era assim, agora é e tudo fica a dever-se à nova lei geral do combate à violência. A notícia cria uma onda de indignação por motivos naturalmente compreensíveis. Espera-se que desta vez a ré não seja a Comissão Disciplinar que, obviamente, não é responsável pela elaboração de uma lei geral. Mas neste país nunca se sabe até onde vai a ignorância e a maldade.
É uma vergonha o que se passa nos túneis dos estádios, mas é muito próprio do português malandro e cobardolas que faz tudo pela calada, protegido pelas sombras do poder e pela influência de quem serve.
A cegueira do clubismo e os ódios de estimação alimentam esta gente e estas cenas com a agravante de se virar, posteriormente, contra quem tem a responsabilidade de apurar os factos, ajuizar com rigor, decidir com imparcialidade e julgar com fundamento. Ora perante o jogo sujo que se (não) vê, é preciso ter prova segura para que não haja dúvidas na decisão. É por isso natural que o processo do túnel da Luz demore o tempo que tem de demorar, estando, aliás, ainda dentro do prazo de mês e meio inicialmente previsto.
A pressa é sempre inimiga de uma boa decisão e sabe-se como no campo de uma batalha jurídica muitas vezes ganha-se à custa de erros processuais. Num país que paga 7,5 milhões de euros por leis mal feitas - como o "Expresso" titulava em manchete na última edição -, tenho para mim que a justiça desportiva, nos dias que correm, até é exemplar.
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