Crónicas de João Gobern, in Record
Ponto prévio: a quem interessa, verdadeiramente, o conflito entre Benfica e Sporting? Já lá vamos – a propósito da caixa de segurança no Estádio da Luz e de todos os acontecimentos que culminaram num incêndio, há muito por apurar e pouco por especular.
Começo pelo bom senso que os responsáveis do Benfica não aplicaram. Tivesse a questão da caixa sido anunciada com tempo e/ou ensaiada/estreada noutra partida e ficavam automaticamente esvaziados os argumentos de princípio dos dirigentes e arautos do Sporting. Assim, lançaram mão ao grito da “provocação” e abriram as portas a um ambiente que descambou, como se viu. Ninguém pode pôr em causa que, de um ponto de vista teórico, o processo levado a cabo pelos benfiquistas é inatacável – a caixa teve o acordo da Liga, da polícia e dos bombeiros. Mais: é um sistema experimentado com êxito por essa Europa (a dita civilizada) fora.
Algo de muito diferente é o resultado prático. Primeiro, é inaceitável que espectadores munidos de bilhete válido e sem comportamento atentatório à segurança geral tenham sido privados de ver dois quintos do jogo, retidos numa vistoria sem meios humanos para dar resposta. Segundo, é condenável que se tenha alegadamente atirado com gente a mais para espaço a menos, anulando ou pelo menos minorando a mais-valia de segurança concretizada.
Tudo somado, nada justifica o vergonhoso final, epitáfio desajustado para um jogo que foi emotivo do princípio ao fim, em que qualquer das equipas podia ter vencido, em que o Benfica confirmou solidez e espírito de sacrifício e em que o Sporting sublinhou a candidatura ao título.
Estou certo que a Polícia investigará o que aconteceu na bancada, já condenado pelos bombeiros. Estou seguro que vamos continuar a ouvir falar dos “graves incidentes” em que estará envolvido Luís Filipe Vieira. Em qualquer dos casos, preferia ver e ouvir por mim próprio, para poder avaliar. Mas, acima de tudo, gostaria que os presidentes dos dois clubes dessem, já, o passo em frente para chegar à paz. Porque ambos sabem que o conflito que, por agora, vão mantendo e alimentando só interessa ao Senhor do Dragão. Ou alguém ouviu falar a sério nos insultos e na agressão a um jornalista? O suspeito do costume está habituado a passar entre as gotas de chuva. E a fazer rebentar as tempestades bem ao longe.
NOTA – Há uma rapaziada, tornada mediática via bola, que não vislumbra além do nariz. Ou seja, além do pequeno mundo do futebolês. Recomendo-lhes mais respeito quando falarem de João Gabriel, um dos melhores jornalistas portugueses do último quartel do século 20. Lidou com presidentes, com presos políticos, com as imensidões da vida. O futebol devia estar-lhe grato por andar por aqui.
Ponto prévio: a quem interessa, verdadeiramente, o conflito entre Benfica e Sporting? Já lá vamos – a propósito da caixa de segurança no Estádio da Luz e de todos os acontecimentos que culminaram num incêndio, há muito por apurar e pouco por especular.
Começo pelo bom senso que os responsáveis do Benfica não aplicaram. Tivesse a questão da caixa sido anunciada com tempo e/ou ensaiada/estreada noutra partida e ficavam automaticamente esvaziados os argumentos de princípio dos dirigentes e arautos do Sporting. Assim, lançaram mão ao grito da “provocação” e abriram as portas a um ambiente que descambou, como se viu. Ninguém pode pôr em causa que, de um ponto de vista teórico, o processo levado a cabo pelos benfiquistas é inatacável – a caixa teve o acordo da Liga, da polícia e dos bombeiros. Mais: é um sistema experimentado com êxito por essa Europa (a dita civilizada) fora.
Algo de muito diferente é o resultado prático. Primeiro, é inaceitável que espectadores munidos de bilhete válido e sem comportamento atentatório à segurança geral tenham sido privados de ver dois quintos do jogo, retidos numa vistoria sem meios humanos para dar resposta. Segundo, é condenável que se tenha alegadamente atirado com gente a mais para espaço a menos, anulando ou pelo menos minorando a mais-valia de segurança concretizada.
Tudo somado, nada justifica o vergonhoso final, epitáfio desajustado para um jogo que foi emotivo do princípio ao fim, em que qualquer das equipas podia ter vencido, em que o Benfica confirmou solidez e espírito de sacrifício e em que o Sporting sublinhou a candidatura ao título.
Estou certo que a Polícia investigará o que aconteceu na bancada, já condenado pelos bombeiros. Estou seguro que vamos continuar a ouvir falar dos “graves incidentes” em que estará envolvido Luís Filipe Vieira. Em qualquer dos casos, preferia ver e ouvir por mim próprio, para poder avaliar. Mas, acima de tudo, gostaria que os presidentes dos dois clubes dessem, já, o passo em frente para chegar à paz. Porque ambos sabem que o conflito que, por agora, vão mantendo e alimentando só interessa ao Senhor do Dragão. Ou alguém ouviu falar a sério nos insultos e na agressão a um jornalista? O suspeito do costume está habituado a passar entre as gotas de chuva. E a fazer rebentar as tempestades bem ao longe.
NOTA – Há uma rapaziada, tornada mediática via bola, que não vislumbra além do nariz. Ou seja, além do pequeno mundo do futebolês. Recomendo-lhes mais respeito quando falarem de João Gabriel, um dos melhores jornalistas portugueses do último quartel do século 20. Lidou com presidentes, com presos políticos, com as imensidões da vida. O futebol devia estar-lhe grato por andar por aqui.
1 comentários:
Mais um grande artigo do Gobern.
Enviar um comentário
Qual a tua opinião?
Usa e abusa deste formulário para tecer as tuas ideias em defesa do GLORIOSO SLB!!