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05 janeiro 2010

Futebol, o poder da mente



Por Luís Freitas Lobo in expresso

Inverno O que verdadeiramente valem os quatro pontos de avanço do Benfica sobre o FC Porto? Apenas um momento ou um sinal do destino?

No ponto do mapa onde surge o Inverno, chuva, frio e vento, o futebol abre a sua porta competitiva mais traiçoeira. Esqueçam os oásis e as miragens. Chegou a hora da verdade. Onde nos jogos valem menos as especulações tácticas. Onde os jogadores deixam cair todas as máscaras. Sinceridade total. Também para os treinadores. Perante as palavras receio e coragem, eles não podem hesitar.

Seguindo estes indicadores, quatro pontos até podem ser "mentalmente" mais do que quatro pontos. Por isso, o exercício a fazer para perceber o momento actual das equipas deve superar essa simples constatação matemática.

Ainda existe muito caminho (muitos jogos) para percorrer. O importante é perceber como Jesus e Jesualdo podem conduzir cada equipa pelas trevas do Inverno até ao destino final. Pelo meio, um intruso também com quatro pontos de avanço. O Braga, de Domingos, o líder que ninguém ainda olha de frente.

No futebol, como na vida, demora tempo a perceber que um "desconhecido" (a chamada equipa sensação, futebolisticamente falando) está a falar a sério. Por isso, Benfica e FC Porto continuam a sentir-se (e a serem vistos) noutra dimensão na questão do título.

Primeiro ponto: este Benfica vale mesmo hoje mais quatro pontos do que o FC Porto. Claramente. Disse-o o jogo da Luz, tem-no dito o campeonato. Na origem da diferença, a construção da equipa. O treinador e o seu laboratório. Uma equipa é como um tubo de ensaio onde se vai metendo diferentes compostos químicos (leia-se estilo de jogadores) até formar uma fórmula eficaz (leia-se equipa e forma de jogar).

Por isso, faltaram os chamados titulares "indispensáveis" e o modelo de jogo (pressão alta, recuperação e saída rápida para o ataque) e o sistema (um 4x1x3x2 sempre altivo, mas sem qualquer pretensão de ser um losango) continuaram a funcionar. Com a invenção de Urreta a surgir numa ala. Com Saviola a surgir nos espaços da "casa vazia" de Aimar, o arquitecto ausente. Com Carlos Martins a lutar, descarregando as emoções na táctica. E ganhou. Naturalmente. Com um golo solitário, mas que nos caminhos dos 90 minutos marcou sempre uma distância maior.

Jesus à chuva. 90 minutos. Jesualdo no banco, escondendo-se dos pingos. 90 minutos, outra vez. São apenas duas imagens, claro, mas já se sabe como as imagens têm muita força. Não acho que valham por mil palavras, mas valem por alguma coisa. Isto é, podem dizer muita coisa.

Neste caso, disseram como o actual FC Porto vive longe, muito longe, da sua própria personalidade. A equipa estava a melhorar, sem dúvida, mas ninguém podia melhorar tanto em apenas uma, duas semanas. Não melhorou e o jogo da Luz mostrou a razão dos quatro pontos de diferença.

O 4x4x3 continua lá. É um bom princípio. A capacidade para o tornar em 4x4x2 é que é mais difícil. E isso, nos grandes jogos, é decisivo. Hulk vive o jogo como uma sucessão de aventuras individuais. Varela joga tão bem quando joga mesmo, no relvado, como quando fica no banco e todos imaginam o que seria com ele no jogo. É o pior sinal que uma equipa pode dar. Meireles não tem força para agarrar sozinho o meio-campo e Belluschi continua ser o o elo perdido que podia dar outra criatividade a toda esta cadeia futebolística.

O processo de crescimento da equipa passa pelo crescimento táctico colectivo, mas, neste momento, o maior drama para Jesualdo será ver as limitações em termos individuais existentes para dar essa "nova vida" ao jogo da equipa. Do outro lado, este jogo, permitiu ao mundo benfiquista (equipa, adeptos...) ultrapassar a "barreira psicológica" que, antes do jogo, parecia voltar a erguer-se em relação à muralha portista.

O campeonato, claro, ainda não acabou. Faltam muitos jogos. 16 "caixas" de 90 minutos para abrir e ver o que está lá dentro. Neste momento, porém, uma coisa é evidente: terá de estar algo de muito diferente para, falando da luta entre estes dois gigantes do nosso futebol, o destino final do campeonato ser diferente do que seria agora.

Escrevam "líder!"
Líder em tempo de chuva. João Pereira, Vandinho, Moisés, Hugo Viana, Alan. Futebolisticamente, porém, são filhos de um deus menor. O Sp. Braga continua primeiro. E já passaram 14 jornadas. Mesmo assim, a afirmação da candidatura ao título não pode ser feita pelo seu treinador (ou até presidente) em conferência de imprensa. Neste tipo de clubes (orçamentos, adeptos, jogadores, realidade que os rodeiam...) a única forma de responder é, a cada jogo, dentro do relvado. Até, por fim, formar-se o chamado "outro tipo de candidato". Aquele que não nasce antes do campeonato, mas cresce e afirma-se dentro dele. Como o Boavista (embora com outra realidade a suportá-lo) em 2001. Este Braga é muito diferente na correlação de forças que estabelece, dentro e... fora do campo, com os ditos candidatos oficiais.

Neste momento, a equipa tem a vantagem de se conhecer bem a si própria. Forças e fraquezas. Precisa de um nº 9 mais móvel para atacar melhor a zona de remate e de outro médio para entrar durante os jogos e reactivar os processos de construção criativa quando os espaços não aparecem. Terá capacidade para ir agora ao mercado desencantar dois jogadores destes? Entretanto, vive com a sua personalidade (4x2x3x1 e circulação de bola, com alas e a conexão Vandinho-Hugo Viana-Mossoró a encher o corredor central de uma área à outra).

Se lhe pedirem o que não tem, não encontrará o seu jogo e perderá o resultado. Domingos está a fazer o seu trabalho, que consiste em dar à equipa a forma correcta (táctica e técnica) de falar em campo. Por isso, depois de Sp. Braga, escrevam Líder.

O novo gladiador
Nunca existiu uma grande equipa sem que, para além dos artistas e dos operários, emergisse, por entre o 11, o chamado "jogador dos jogadores". Aquele que consegue uma relação especial com os adeptos, porque, no fundo, ele, em campo, joga como se fosse um deles.

No actual Benfica é David Luiz o novo "gladiador". Cada corte, carrinho, antecipação ou vez que sai com a bola, é, mais do que um gesto técnico, um estado de alma que agarra a bancada.

Cresceu a ideia de que estava a ultrapassar os limites da agressividade. Faltas a mais. Será? Penso que uma coisa é clara: os seus níveis de agressividade aumentaram incrivelmente. A confiança também. Por vezes, com "osso" a mais, a perna que se solta, mas não me parece futebolisticamente honesto colocar a essência do seu jogo nesse estilo. Este tem outras palavras para o definir e elas estão na personalidade, classe e autoridade. Traços imutáveis, com ou sem bola. É rápido e joga bem de cabeça. Ainda só tem 22 anos e já ninguém lhe dá ordens. Um "gladiador" para, no futuro, brilhar nas melhores "arenas de relva" da Europa.

Boxing Day, a lenda
Enquanto no resto da Europa a bola pára, em Inglaterra tudo está preparado para o período futebolístico mais intenso do ano. É o secular Boxing Day! O futebol de Natal. Duas jornadas em três dias, 26 a 28 de Dezembro! Uma tradição com raízes culturais e religiosas. A origem do nome nasce das caixas (box, em inglês) que, durante esta época, eram colocadas nas igrejas para recolher dinheiro para os pobres. Essas caixas eram abertas no dia de Natal e, apurada a colecta, esta era distribuída no dia seguinte, 26, o Boxing Day.

Várias teorias se formam acerca da sua evolução, mas só em finais do século XIX esse dia passou também a ser preenchido por eventos desportivos. Sem dinheiro para os desportos da elite (caça e equitação) as populações cativaram-se por um jogo que, embora vindo da universidade, já há muito que era visto nas feiras: o futebol. Existem registos de 1888 sobre jogos no Boxing Day, e até 1959 a Liga inglesa incluiu jogos no dia 25.

Em nenhuma outra data a alma inglesa está tão presente nos seus estádios. Uma tradição histórica, ou, como diria Lineker: "Oportunidade para sair de casa, farto de aturar sogras e conversas sem interesse, tomar umas cervejas com os amigos e ver futebol. O paraíso deve ser uma coisa assim!" Sem dúvida.

Futebol de salto alto
Pela quarta vez a brasileira Marta foi eleita a melhor jogadora do mundo em futebol feminino. Confesso que, pedindo perdão às leitoras femininas, nunca descobri grande encanto em ver futebol praticado por mulheres. Será uma questão de sensibilidade estética corporal. Mas o problema é meu, de certeza. A única excepção terá sido num evento do Arsenal onde Gisele Bunchen surgiu ao lado de Henry e deu, em saltos altos, alguns pontapés numa bola. Mas as coisas podem mudar. Foi no dia em que descobri uma garota com estilo moleque (mas sempre com corpo de mulher) a tocar na bola com a mesma intimidade dos grandes craques masculinos. Fintas, remates, e ainda por cima ria-se e era esquerdina. A beleza futebolística era a Marta. Não percebo como Ronaldo ainda não lhe mandou um SMS.

Recordo quando, há anos, o Perugia quis contratar uma mulher, a sueca Prinz, os regulamentos proibiram. Então, achei lógico. Agora, já não seria assim. Porque se, como cantava James Brown, "isto é um mundo de homens mas não seria nada sem uma mulher ou uma rapariga", pois então o futebol também não. Para a Marta devia abrir-se uma excepção. E dar-lhe os melhores relvados. O auge do sexy football, de chuteiras ou saltos altos.

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