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16 setembro 2009

Crónicas de Luís Freitas Lobo


O planeta do futebol: As fronteiras da táctica

Por Luís Freitas Lobo in A Bola

Falar em disciplina táctica é manejar um conceito que implica movimento permanente. Por isso, muitas vezes, ela perde-se tão facilmente. Porque, em cada movimento está, no início, uma ideia de desequilíbrio. Do adversário e da própria equipa. Assim, o mais indicado é falar-se na disciplina das posições. Em movimento, claro. Penso nisso vendo jogar o actual Benfica de Jesus.

É um jogo de apoios constantes, que brinca um pouco com o conceito do futebol começar no centro. Na fórmula encarnada, o futebol (construção de jogo) começa nos flancos. É a sua referência inicial da transição ofensiva, numa estrutura que tem um pivot (Javi García) que funciona essencialmente para equilíbrios defensivos. A importância dada às faixas relaciona-se com a intenção de explorar a largura do campo nesse processo de construção. Diferente é a questão da profundidade, onde só na esquerda surge de forma natural, com um jogador (extremo) que parece ser o único com direito a poder perder a bola pelo facto de em cada jogada arriscar sempre o um-para-um: Di María. O risco para o colectivo é, porém, diminuto, pois nesse momento surgem outras referências posicionais.

Na direita, a progressiva influência defesa-ataque-defesa de Ramires é fundamental para o crescimento do onze. Porque é um jogador que dá três coisas à equipa: ritmo com bola; vantagens aos colegas do sector (segunda linha do meio-campo) e avançados, pela mobilidade que arrasta marcações; sentido posicional, ofensivo, com bola, e, defensivo, sem bola, pois perdida a posse, reequilibra rapidamente a zona pressing no seu lugar de origem na interior-direita. Poderia, no entanto, ir buscar mais vezes a bola atrás em zonas interiores, onde é mais comum encontrá-lo em pressão defensiva de recuperação. Há casos em que quando a bola entra no lateral (Rúben Amorim) Ramires vai logo embora para dar profundidade e é Aimar quem recua e fica quase de perfil a pedir a bola para sair a jogar. Poderia ser Ramires a fazer mais vezes essa transição desde a interior-direita. Assim, usaria mais a sua qualidade de transição e protegeria fisicamente Aimar.

O princípio de jogo preferencial para quebrar as linhas adversárias à frente da área é alternando ocupante do vértice central ofensivo do meio-campo, que na origem é Aimar, mas que nos momentos de maior ruptura entre linhas é ocupado pelo recuo de um avançado: Saviola. Assim, a equipa, mesmo não realizando muitas desmarcações interiores, consegue que Cardozo receba muitas vezes a bola com espaço e, até, nas costas de alguns defesas adversários.

Os equilíbrios-desequilíbrios de Ramires, os picos de Di María, a âncora Javi Garcia e o jogo de recuos entre linhas de Saviola. Alguns traços do Benfica de Jesus que, no entanto, tem como principal triunfo táctico algo que foge aos resumos dos golos: todos os jogadores querem recuperar a bola mal a perdem. O grande desafio é agora saber gerir físico-tacticamente a alta intensidade deste jogar (Liga-UEFA) sem perder as suas bases.

1 comentários:

quem será que joga a 10 contra o Bate? JJ já nos habituou as surpresas e são várias as opções.

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