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27 junho 2009

Entrevista a Saviola


«Não resisti à determinação do Benfica em contratar-me»

Numa entrevista exclusiva a A BOLA, 'el conejo' explica o que o levou a trocar Madrid por Lisboa. A operação de charme encarnada funcionou na perfeição, ao ponto do atacante argentino baixar substancialmente o salário. Na Luz reencontra o 'irmão' Pablo Aimar, que o ajudou na decisão. Agora quer recuperar a alegria de jogar.

É jogador do Benfica para as próximas três temporadas, com mais uma de opção. O que pesou na sua decisão?

— O Benfica é um clube muito importante em Portugal e na Europa. O Aimar disse-me coisas muito boas, mas o que pesou verdadeiramente foi ver a determinação do Rui Costa, do presidente do Benfica e da equipa técnica em contratarem-me, em apostarem em mim. Senti-me muito desejado, não consegui resistir.

— Já esteve com Rui Costa?

— Não, só falámos por telefone. Eu estou na Argentina, as negociações decorreram em Madrid com o meu empresário e o meu advogado.

— Depois da pouca utilização no Real Madrid, espera agora recuperar a alegria de jogar?

— É muito lindo depositarem tanta confiança em mim. Isso deixa-me orgulhoso e motivado, quero muito corresponder. O meu objectivo é voltar a jogar com regularidade, o que não aconteceu nos últimos tempos. Quero sentir-me novamente útil e importante. Sinto que conto com a confiança da equipa técnica e esse é um bom ponto de partida. Estou com muitas ganas de jogar, de mostrar o meu futebol. Quero adaptar-me rapidamente e fazer uma boa pré-temporada, para entrar no ritmo.

Reeditar química com Pablo Aimar

—Você e Aimar são como irmãos e formaram uma dupla de grande categoria no River Plate. Está feliz pelo reencontro?

— Claro que sim. Jogámos juntos três anos, no River Plate, e o entendimento foi realmente muito bom, formámos uma dupla importante. As nossas carreiras seguiram depois rumos diferentes, mas voltamos a encontrar-nos agora, numa fase distinta. Oxalá possamos ter sucesso e reeditar a química que tinhamos no River.

— O que lhe disse Aimar do Benfica?

— Várias coisas, todas muito positivas. Diz que as pessoas do clube são fantásticas, que os adeptos apoiam a equipa de forma incondicional, que as condições de trabalho são óptimas e que a equipa tem muito potencial. Ele está muito feliz em Lisboa.

— Traçou alguma meta de golos para a sua época de estreia?

— Não, nunca o faço. Agora estou preocupado em conhecer os meus novos companheiros e ajudar a equipa do Benfica a fazer uma boa temporada, a alcançar os seus objectivos. O mais importante para mim é voltar a sentir-me acarinhado pelos meus companheiros e pelos adeptos. Quanto aos golos, aparecerão com naturalidade.

— Além de Aimar, jogam no Benfica mais argentinos, casos de Di María e Shaffer. Conhece-os?

— Conheço melhor Di María, é excelente jogador, mas tenho óptimas referências de Shaffer. São dois jovens com muito valor. É bom encontrar compatriotas, facilita a adaptação. Estive a ver o plantel do Benfica e, sinceramente, é um grupo com muita qualidade e potencial. Podemos construir uma equipa muito competitiva, capaz de lutar pela vitória em todas as frentes.

— Tem esperança de sagrar-se campeão já na primeira época?

— Seria muito lindo! Oxalá que sim. Vamos trabalhar para isso.

— Regressar à selecção é um objectivo?

— Sim, não escondo que é um dos meus objectivos, uma das motivações que tenho. Primeiro tudo farei para que as coisas me corram da melhor forma no Benfica, isso pode ser um importante trampolim para regressar à selecção, para ter uma oportunidade numa futura convocatória. Até porque o Benfica é um clube muito conhecido na Europa.

— No Benfica vai formar dupla com Óscar Cardozo, que também jogou na Argentina...

— Conheço-o bem, já o vi jogar, tem muita qualidade. Temos um grupo muito bom, com jogadores fortes, mas o importante será o colectivo.

— Há também interesse na contratação de Falcão, do River Plate. Que opinião tem sobre ele?

— Não gostaria de estar a comentar cenários, são coisas da responsabilidade do Benfica.

Baixar salário para compensar esforço

— O FC Porto é o clube mais vitorioso em Portugal nos últimos anos. Acha que esta época, com a sua ajuda, o Benfica pode iniciar um novo ciclo?


— Vamos tentar. Eu sei que o FC Porto tem ganho mais vezes e tem feito também boas campanhas na Liga dos Campeões, mas sinceramente não temos de olhar para o que fazem ou deixam de fazer, temos é de olhar primeiro para nós, para o que somos capazes de fazer.

— A sua contratação parecia impensável, face ao seu elevado salário, muito acima das possibilidades do Benfica. Abdicou de parte do ordenado?

— Todos fizemos um esforço muito grande. O Benfica fez o seu, por intermédio do presidente e do Rui Costa, e eu fiz o meu, baixando o meu salário. Sinceramente, nesta fase a questão económica não era muito importante para mim. Como já disse, queria era voltar a sentir-me desejado, motivado, importante. Estou muito feliz mesmo.

— Quando chega a Lisboa?

— Amanhã viajo para Madrid e no domingo para Lisboa.

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