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26 junho 2009

Crónicas de José Jorge Letria



Por José Jorge Letria in "O Benfica"


Tudo o que Luz

Isto de ser benfiquista


Agora que nos encontramos no defeso das competições, mas não no defeso dos projectos que vão determinar o futuro dos clubes e, em particular, do Benfica, faz sentido uma breve reflexão sobre o que é isto de Ser Benfiquista. Passou, pelo menos até ver, o tempo das ideologias e da confrontação de grandes modelos ideológicos. Passou, pelo menos até ver, o tempo das utopias mobilizadoras da vontade das grandes massas humanas, sendo que uma boa parte delas deixou um rasto de tragédia e indescritível sofrimento. Mas não passou o tempo dos afectos que duradouramente nos ligam àquilo que faz bater os nossos corações.


Alguém me disse um dia, com a reflectida sabedoria dos mais velhos, que, em regra, pode mudar-se de tudo, excepto de fé clubística. E foi mais longe, exemplificando. Pode mudar-se de nacionalidade, de partido, de família, de cidade ou de país, de ideias e de credos religiosos. Mas nunca se muda de clube. E porquê? Talvez só um psicanalista competente tenha resposta para esta pergunta académica. Se calhar é porque a simpatia ou a paixão clubística costumam estar associadas à raiz dos afectos que nos ligam ao pai ou à mãe, ou seja, àquilo que é profundo e inalterável na memória da nossa infância.


Eu, por exemplo, sou do Benfica porque o meu pai sempre foi do Benfica, e nunca esquecerei as tardes em que ele me levava ao velho Estádio da Luz, para momentos de glória e outros que nem tanto. Para mim, ser do Benfica é isso, mas é também muito mais do que isso. É sentir que se pertence a um colectivo imenso que o tempo e a história universalizaram e que ultrapassa fronteiras, barreiras sociais e etárias, filiações políticas e partidárias, crenças religiosas ou a ausência delas, modas ou gostos. Ser do Benfica, e por mim falo, é um impacto para a vida, nas horas boas como nas más, um sentimento de pertença, uma teia de afectos e memórias que hoje partilho com os meus filhos e com os meus netos, a quem sempre dei e darei plena liberdade de escolha. É isso que nos une e nos transcende, bem como a esperança de que o prémio dessa dádiva venha a ser a merecida alegria da vitória.


O verdadeiro benfiquista nada pede em troca quando o é genuinamente, mas, pelo menos, para lá de todas as conveniências e interesses, de todas as querelas e diferenças, dêem-lhe não a glória do passado mas a certeza de um futuro triunfante, digno e justo. Menos do que isso é quase nada.


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